A atriz Amanda Malta apresenta nesta segunda-feira (7), às 16h, com saída do Teatro Rubem Braga e chegada na Casa dos Braga, a última performance do projeto “Dez em Uma”. O tema é “Arremate”, e vai falar um pouco dos assuntos abordados nas outras nove apresentações.
Como o nome sugere, foram dez apresentações com abordagens diversas pela rua de Cachoeiro ao longo de 2022. A artista diz que viu ganhos em diversas áreas, tanto pessoal, como atriz, quanto para a cidade.
Pessoalmente relata que experimentou um processo diferente, que é a performance, uma área nas artes cênicas totalmente diferente do teatro.
Para a cidade, aponta que os ganhos foram as muitas ações acontecendo sem muito aviso prévio. “A sociedade conviveu com algo novo, que trouxe reflexão sobre diversos temas, como a própria cultura cachoeirense, homofobia, machismo, política, feminismo, desvalorização cultural, racismo”, explica.
Amanda destaca que se expôs como artista pelas ruas falando de diversos temas e que isto acrescentou muito para ela. “Mas foi também um ganho para outros artistas, já que 15 profissionais atuaram diretamente comigo durante toda a performance, que durou dez meses, girando a economia e possibilitando trabalho para todos eles”, comemora.
Pedras no caminho
Mas nem tudo foram flores ao longo do caminho. A artista conta que sua maior frustração foi perceber que em 2022 a sociedade ainda não está preparada para enfrentar seus maiores algozes e se escondem, fecham os olhos para muitas mazelas e vive em mundos paralelos.
“Não querem enxergar que há necessidade de mudança e que a arte é um trampolim. Ignoram bruscamente uma ação acontecendo na sua frente ou tratam com violência, como na performance seis, em que tratamos de homofobia e fomos violentados em plena rua por uma mulher que queria nos retirar do espaço público”, lamenta.
Mas apesar disso, diz que há o que comemorar. “Também presenciamos bons cidadãos que ouviam, enxergavam, participavam, aplaudiam, e muito melhor, compreendiam o que estava sendo ali exposto em cada uma das nove performances”.
Amanda Malta conta que ficaram liçoes importantes deste trabalho tão desafiador. “Primeiro esse projeto me ensinou que não posso parar. O “Dez em uma” nasceu da minha inquietação de ver a cultura cachoeirense morrendo aos poucos, sem teatro, com o artista desvalorizado, com a sociedade não enxergando o necessário valor”.
A atriz conta que por isto resolveu expor seu corpo e unir as suas ideias com as ideias de mais dez artistas e levá-las para as ruas.
“A rua é lugar democrático, onde a gente pode falar e ser ouvido, sem distinção de raça ou classe social. Eu tenho inúmeras histórias de indivíduos passantes que agregaram a cada performance, seja positivamente ou negativamente”.
A artista frisa que finaliza esse projeto cheia de orgulho por ter alcançado tantas pessoas pelas ruas. “A persona mascarada atingiu, com suas ações, os pensamentos de muita gente que se permitiu enxergar’, pontua.
Amanda informa que já está preparando nova edição para esse projeto, e também um desdobramento dentro das artes visuais.
Entende, contudo, que sua maior conquista foi ocupar as ruas com arte, com ideias, com ações, vibrar essa energia em um momento tão sombrio para a sociedade brasileira. Para ela foi uma experiência incrível, transformadora. Diz que tem certeza que também para a cidade.
“Quero agradecer a todos os artistas que participaram desse projeto gigante, que o abrilhantaram. Luiz Carlos pela orientação e tudo que foi nesse projeto, Gabi Prado, Brenda Perim, Luan Tofano, Júlio César Pires, Avelã, Leandro Margozzo, Milena Paixão, Marco Antônio Reis, além de Anderson na Cenotécnica. E também Isabela Pazzini, Tainan Gratival, Karen, Rhenata Cordeiro pela participação em algumas performances.
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