O gabinete de Israel aprovou nesta terça-feira (21) um acordo com o Hamas para que reféns detidos pelo grupo palestino há mais de um mês sejam liberados.
Segundo um comunicado do governo israelense, em uma primeira leva, 50 reféns — crianças e mulheres — serão soltas durante quatro dias. Enquanto isso, o conflito será pausado temporariamente.
“A soltura adicional de cada grupo de 10 reféns resultará em um dia adicional na pausa”, diz um trecho do comunicado de Israel.
O acordo vem após mais de seis semanas de uma forte e mortal guerra na Faixa de Gaza.
O gabinete israelense é formado por ministros e pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
Antes da decisão sobre o acordo ser anunciada, Netanyahu disse que Israel continuaria a guerra contra o Hamas “até alcançarmos todos os nossos objetivos”.
Em uma declaração em vídeo gravada antes da reunião do gabinete, Netanyahu disse que era “absurdo” o eventual cenário da guerra ser interrompida assim que os reféns fossem libertados.
Segundo o primeiro-ministro, o retorno dos reféns é um “objetivo sagrado e importante”.
“Na guerra, há fases e, na devolução dos reféns, há fases, mas não vamos parar até termos a vitória total, até recuperarmos todos eles”, disse o premiê. “Esse é o dever sagrado de todos nós.”
A eliminação do Hamas também é um objetivo, afirmou Netanyahu, “e que não haja nada em Gaza que ameace Israel novamente”.
Netanyahu afirmou ainda que aceitar um acordo seria “uma decisão difícil”, mas que seria “a decisão certa” e apoiada pelo “establishment de segurança”.
Netanyahu acrescentou: “O esforço de guerra não será prejudicado, mas permitirá que as IDF (Forças de Defesa de Israel) se preparem para os combates que virão”.
Catar foi o mediador
Na manhã desta terça-feira, o Catar, que está costurando as negociações, entregou uma proposta de acordo com o Hamas para Israel, segundo disse um funcionário do Ministério das Relações Exteriores à rede CNN.
O Catar desempenhou um papel de mediador entre as partes desde o início deste conflito e esteve envolvido na libertação de quatro mulheres feitas reféns pelo Hamas, semanas atrás.
O Hamas fez cerca de 240 pessoas como reféns durante os ataques de 7 de outubro, que mataram 1.200 israelenses.
O governo de Gaza, dirigido pelo Hamas, afirma que mais de 14.000 pessoas foram mortas no território desde que Israel iniciou a sua ofensiva – incluindo mais de 5.800 crianças.
Histórico do conflito
Após os ataques do Hamas em 7 de outubro, Israel iniciou uma ofensiva militar na Faixa de Gaza com bombardeios aéreos. Posteriormente, também enviou tanques e tropas ao território.
Desde então, bairros inteiros de Gaza foram destruídos e os ataques de retaliação israelenses continuam.
O objetivo declarado de Israel sempre foi destruir completamente o Hamas e resgatar os reféns em poder do grupo palestino.
Em meados de outubro, Israel deu um ultimato aos moradores no norte da Faixa de Gaza — cerca de 1,1 milhão de pessoas — para se deslocarem em direção ao sul do território.
O norte de Gaza, que inclui a Cidade de Gaza e dois campos de refugiados, é uma das partes mais densamente povoadas do território.
Na ocasião, o Hamas, que controla a Faixa de Gaza, disse aos civis que ignorassem a ordem de evacuação, descrevendo-a como “propaganda falsa”.
No entanto, milhares de palestinos obedeceram à ordem de Israel e abandonaram suas casas.
Apesar disso, Israel bombardeou várias localidades no sul do território.
Enquanto isso, a ala militar do Hamas, as Brigadas al-Qassam, continuou disparando foguetes contra Israel.
Nas primeiras semanas do confronto, Benjamin Netanyahu, descreveu o atual conflito com o Hamas como a “segunda guerra de independência de Israel”.
No início de novembro, sete relatores das Nações Unidas emitiram uma declaração conjunta na qual afirmavam estar convencidos de que “o povo palestino corre grave risco de genocídio”.
Israel chegou a dificultar a entrada de ajuda humanitária em Gaza. A ONU acusou o país de estar cometendo “crimes de guerra” por meio de sua “punição coletiva” aos moradores da Faixa de Gaza.
Fonte: BBC