O Espírito Santo lançou o Mapeamento das áreas afetadas pela enchente em Mimoso do Sul no mês de março. A metodologia aplicada apontou que, na sede do município, foram atingidos 3.989 imóveis.
Este número representa um total de 2.996 casas, 12 escolas, 29 estabelecimentos de saúde, 806 comércios e 29 igrejas. Outros distritos atingidos foram Ponte de Itabapoana, Santo Antônio do Muqui e Conceição do Muqui.
O Mapeamento das áreas afetadas foi divulgado pelo Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), juntamente com o Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Espírito Santo, com a Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa Civil (Ceped) e com o Núcleo de Operações e Transportes Aéreo (Notaer).
O coordenador Estadual Adjunto da Defesa Civil Estadual, tenente-coronel Benício Ferrari, destacou a importância do mapeamento não só para este evento climático, mas para a preparação dos órgãos de mitigação e resposta para futuros eventos.
“Será possível fazer previsões muito apuradas com este modelo. Por exemplo, sabendo que um rio costumeiramente atinge uma cota de 6 metros, eu posso gerar um modelo com essa cota e, a partir dessa metodologia, consigo estimar com muita precisão onde vai chegar a inundação e, partir disso, saber quais regiões do município posso ocupar. Nesse sentido, a prevenção de desastres vai ser muito precisa. Os desastres climáticos têm sido mais frequentes e em intensidade cada vez maior. Dispor de tecnologia como esta nos ajuda muito na preparação para os eventos climáticos e na organização da capacidade de resposta”, destacou o tenente-coronel Benício Ferrari.
O estudo é uma proposta inovadora, desenvolvido de forma conjunta entre o IJSN, Corpo de Bombeiros, Defesa Civil e Notaer, e, para além da identificação das áreas afetadas, também contribuiu para a validação da metodologia utilizada, que agora pode ser aplicada de forma preventiva, como explica o diretor-geral do IJSN, Pablo Lira:
“Antes desse modelo, a gente tinha o mapeamento das áreas de riscos, nacionais e estaduais. Agora com essa tecnologia aplicada, com ferramentas de geotecnologias, utilização de drones, modelos matemáticos e a validação dessa metodologia, a gente consegue chegar a um nível de detalhes, capturando as especificidades da região, o que possibilita replicar esse modelo, para fazer o mapeamento das áreas de risco de outros municípios”, salientou Pablo Lira.
Drone
Para a aplicação da metodologia, foram realizados voos de drone em um trabalho de campo, cinco dias após o desastre. Foram dois dias em campo para a captura de cerca de 1.200 imagens de altíssima resolução. Para o diretor setorial do Instituto Jones dos Santos Neves, Pablo Jabor, a captura dessas imagens foi fundamental para o desenvolvimento do mapeamento.
“Nós fizemos um trabalho integrado, capturando imagens históricas que retratam esse momento e que foram fundamentais para fazer um mapeamento bem detalhado da sede de Mimoso do Sul. Esse dado foi bastante importante para que a gente pudesse ver o tamanho da tragédia e fazer a comparação com o modelo, para que assim possibilitasse ser replicado em outras localidades”, detalhou Pablo Jabor.
A partir deste trabalho, as equipes da Defesa Civil e do Instituto Jones traçaram a área de inundação na sede de Mimoso do Sul. Com essa área determinada, as equipes utilizaram um dado disponibilizado pela primeira vez no Censo pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que mostra a localização de todos os domicílios que passaram pelo Censo e assim puderam quantificar os imóveis que estavam dentro da área afetada pela inundação.
O imageamento realizado foi utilizado para a validação de um modelo existente de delimitação de área afetada por inundação, o modelo HAND, que agora poderá ser utilizado de forma preventiva em outras localidades. A apresentação completa pode ser acessada no link: https://ijsn.es.gov.br/publicacoes/sumarios/ijsn-especial