A empresária Araciene Pessim Scaramuzza trouxe muitos dados históricos e importantes na Primeira Exposição Histórica do Setor de Rochas Capixaba.
Esses fatos foram apresentados na I Feira Nacional de Arquitetura e Design (Fenarq), encerrado recentemente em Cachoeiro de Itapemirim, no sul do Espírito Santo.
Araciene mostrou que o distrito de Prosperidade no século XIX abrigava uma grande fazenda, de propriedade do médico Belisário Vieira da Cunha.
Nesse local aconteciam inúmeras reuniões de intelectuais, políticos e poetas da época. Nesse tempo uma de suas maiores riquezas, o mármore branco, ainda não havia sido percebida.
Foi no final do século XIX que a fazenda foi fracionada e vendida a imigrantes italianos. A pesquisa da empresária mostra que a área adquirida por Agostinho Costalonga é revendida a Pietro Scaramuzza. Esse fato é relatado no livro “Os Italianos”, de Amílcar Gasparini.
Pietro Scaramuzza e Giuseppa Bracheschi foram imigrantes italianos que chegaram ao Brasil no navio Maranhão em 1889, com os filhos Luigi, Ângelo e Giuseppe. Em terras brasileiras tiveram os filhos Archangelo, Elizabete, Victorio, Humberto e Maria.
No final do Século XIX chegaram ao Espírito Santo e se fixaram na região de Nova Mântua, Distrito de São João de Crubixá, em Alfredo Chaves. No início do século XX adquiriram terras e se estabeleceram em Prosperidade, onde construíram sua história.
Segundo dados históricos do Arquivo Público do Estado do Espírito Santo, os Scaramuzza fixaram residência em Prosperidade na década de 1930.
A riqueza inicial era o plantio e colheita do café. Mas na década de 1950 um dos visitantes, Og Dias de Oliveira e sua esposa Terezinha Deprá Sabino, que frequentavam regularmente a casa de Archangelo Scaramuzza, irmão do avô da empresária Araciene Pessim, perceberam uma pedra posicionada na entrada da casa.
Curioso, Og questionou onde tinham conseguido aquela rocha tão diferente, no que foi informado que ela era abundante na região e de grande volume nas terras de Luigi Scaramussa.
Constatada a veracidade das informações, Og Oliveira encantou-se com a pedra mármore branca abundante na região. Com amostras em mãos, Og Dias buscou parcerias que alavancassem a atividade de mineração.
“Após inúmeras tentativas, Og Dias consegue firmar parceria com investidores do Rio de Janeiro”, destaca a empresária Araciene Pessim Scaramuzza, bisneta de Luigi Scaramuzza.
Início da exploração
Parte da propriedade foi então arrendada, conta a empresária em sua exposição. Isso deu início à exploração no setor de rochas na região.
Araciene conta que o primeiro bloco extraído foi carregado em 17 de julho de 1957 em um caminhão Ford F-6000, e transportado até o Rio de Janeiro, cujo destino final foi uma serraria em Botafogo.
“Esta é apontada como a primeira extração efetiva do mármore branco como rocha ornamental nas terras do imigrante italiano Luigi Scaramuzza,”, conta orgulhosa a empresária, que deu prosseguimento à atividade econômica iniciada pela família há tantos anos.
Araciene destaca também que para a exploração foi feito o arrendamento das terras para o sobrinho de Luigi Scaramuzza, Horácio Scaramussa.
A empresária conta que seus familiares são pioneiros no setor de rochas capixaba. Esta mineração foi denominada de Pedreira A. Posteriormente seguiram para mineração na Pedreira B e Pedreira C, sendo a pedreira A e C nas terras de Luigi Scaramuzza, e a pedreira B nas terras de Giuseppe Scaramuzza (irmão de Luigi).
“Assim se inicia o setor de rochas capixaba, a partir do legítimo mármore branco que proporcionou progresso e desenvolvimento para Cachoeiro de Itapemirim e para os filhos desta terra”, enfatiza a empresária.
Araciene lembra que já havia relatos que na década de 1920 portugueses extraíram em Boa Esperança blocos de mármore, porém, não lograram êxito na investida, e logo a extração foi interrompida, e o mármore branco capixaba permaneceu adormecido por mais algumas décadas.
“Muitas são as histórias destes imigrantes italianos e seus descendentes, nesta trajetória de se estabelecer no Brasil e de desbravar o mármore branco, e um ponto indiscutível é a coragem, a dedicação e a fé em enfrentar todas as adversidades da época criando as bases para posteriormente protagonizarem o início da mineração do Mármore Branco no Espírito Santo, sendo louvável e merecido todo reconhecimento que demonstra a gratidão do setor de rochas capixaba por suas lutas e conquistas, principalmente neste momento que comemoramos os 150 anos da imigração italiana no Brasil”, ressalta a empresária.
Araciene Pessim Scaramuzza é filha de Aremildo Pessim, fundador da Gramobras, empresa com 42 anos no mercado, pioneira na produção de piso de 1,5 cm de espessura no Espírito Santo, ainda no final da década de 80, quando isso era raridade.
São muitos relatos e muitas histórias que não merecem muito espaço. Os interessados em conhecerem os detalhes da exploração de mármore no sul do estado podem fazer contato com a Gramobras.