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Foto: Nina Ignácio/Divulgação

“O câncer tira tudo da gente: a dignidade, o cabelo e a vontade de viver, mas eu venci”. Confira essa história.

Lilia-barros-05-09-2023
Lilia Barros

Era uma manhã de quarta-feira, dia 19 de janeiro de 2022, quando Nina Ignácio, casada, mãe da Marina, de 4 anos, ficou sabendo que a partir daquele momento precisava lutar para continuar viva. Por volta das 10h30 ela recebeu o diagnóstico de câncer de colorretal que lhe casou dores, sangue nas fezes e sinalizou uma expectativa rasa de vida.

Nina que tinha uma vida normal como de qualquer mulher que é esposa, profissional, mãe e dona de casa, agora estava assustada e com medo de não ver sua filhinha crescer, medo de não viver. Contudo, a mesma força do sentimento que lhe causava medo também a incentivava a lutar.

Determinada, ela procurou atendimento médico, fez exames e vários tratamentos de quimioterapia. Tudo o que ela mais queria era viver ao lado do seu marido e filha, fazendo planos e curtindo cada momento em família.

Mas este acontecimento mudou a trajetória de sua vida, e Nina se viu obrigada a parar, repensar, mudar a rota, lutar, lutar muito e resignificar a vida, afinal ela sabia que estava diante de uma batalha imensa, aos 35 anos: vencer uma doença agressiva e desafiadora.

Nesta entrevista ela conta todo o processo entre a descoberda do diagnóstico e os dias atuais. Confira:

DIA A DIA: Como você descobriu a doença?

Nina: No segundo semestre de 2021, aos 35 anos, voltando ao mercado de trabalho, comentei com uma médica que tinha visto sangue no meu cocô e ela pediu uma colonoscopia. Protelei 4 vezes (seis meses), até que fiz o exame no dia 19 de janeiro de 2022. Sai de lá com indicação de procurar um oncologista.

DIA A DIA: O que passou pela sua cabeça naquele momento?

Nina: Eu já saí da consulta sabendo que era um diagnóstico de câncer, e no consultório do proctologista, quando ele avaliou a biópsia, só me deu a vontade de vencer. Liguei para uma amiga que é médica e perguntei se podia antecipar os exames porque eu precisava começar logo a quimioterapia para eu poder vencer esse câncer. Eu voltava para casa de carro e dizia: “Estou com câncer e vou vencer”. Só isso.

DIA A DIA: Como foi o tratamento?

Nina: A partir daí, foram 6 sessões de quimioterapia, com algumas intercorrências por conta das plaquetas. Terminada essa primeira etapa, tive um descanso de 45 dias, aproveitando a vida com a minha filha de 5 anos. Partimos então para as sessões de radioterapia com quimioterapia, totalizando 28 delas. E o ano acabou. Após 3 meses, refiz os exames. A colonoscopia acusou que ainda tinha adenocarcinoma na fibrose que surgiu no meu reto.

DIA A DIA: Fez alguma cirurgia?

Nina: Em março de 2023, passei pela cirurgia robótica que durou 10 horas… Saí de lá com a Mary Jane, minha bolsinha de ielostomia (serve para redirecionar o fluxo do intestino delgado, quando o intestino grosso possui alterações que impedem a passagem natural das fezes).

DIA A DIA: E deu certo?

Nina: Dois meses depois, fiz a reversão. Aparentemente tinha dado tudo certo, já estava em casa. Mas, uma forte dor me levou de volta ao hospital. E descobrimos uma fístula no intestino que vazou pela barriga toda. No dia 22 de maio, uma nova cirurgia, uma laparotomia. E outra laparotomia no dia 29 do mesmo mês. Em seguida, foram mais 20 dias no hospital sem o meu intestino funcionar. Nesse período, a batalha foi bem tensa. Vencemos!

DIA A DIA: A volta para casa foi boa?

Nina: Fui para casa, precisei resolver minha separação e reorganizar todas as Ninas – a pessoa, a mãe, a mulher e profissional. Mas cheia de gratidão por finalmente estar liberada para aproveitar a maior benção que eu poderia receber: ver minha filha Marina, agora já com 6 anos, crescer!

DIA A DIA: A sua separação tem a ver com o diagnóstico de câncer?

Nina: Com certeza tem pois depois que comecei meu tratamento senti que meu marido se afastou muito de mim, e eu tinha necessidade de ter um parceiro perto mas ele só estava ali fisicamente, de corpo presente, mas emocionalmente ele não conseguia mais se doar; ele achava que o fato de comprar um remédio era suficiente, era muita coisa que ele fazia. Eu percebi que ele começou a dar muito mais informação para as pessoas de fora do que propriamente se preocupar com o meu bem-estar, com a minha pessoa, percebi que dava mais respostas à sociedade do que estando comigo.

DIA A DIA: A doença te ensinou alguma coisa?

Nina: O câncer me fez ver que o meu marido não era um bom marido, que eu sofria abuso psicológico. Me fez ter força para não aceitar a traição que eu havia sofrido antes mesmo da doença, quando ele teve uma filha fora do casamento depois de engravidar outra mulher quando a nossa filha Marina estava com apenas 2 meses.

DIA A DIA: Em que fase do tratamento você está?

Nina: Estou na remissão, eu venço o câncer diariamente. Estou em acompanhamento porque a gente fica por cinco anos em uma luta dirária até declarar vitória definitiva.

DIA A DIA: Chegou a desanimar ou fazer planos para o caso de não vencer a doença?

Nina: O período que eu fiquei no hospital e meu intestino parou de funcionar, fiquei uns três dias entregue, conversei muito com Deus, falando que se fosse a minha hora poderia me levar porque estava muito difícil. Então quando eu consegui sair do hospital, entendi que Deus tem algo a mais na minha vida, eu vim paara resiginificar, essa palavra vem muito forte no meu dia a dia e eu estou aceitando e indo para cima.

DIA A DIA: E o coração, as emoções estão em dia?

Nina: Eu saí do hospital no mês de junho e a separação de fato veio em dezembro, ou seja, ainda passei seis meses dentro de casa tentando reaver o casamento, mas meu ex-marido já não conseguia, não quis, então foi a pior coisa que eu fiz porque sofri abusos pisicológicos, não foi legal.

DIA A DIA: Como está o pós hospital e o pós divórcio?

Nina: Não está sendo fácil. Hoje em dia, como estou sem meu reto e parte do intestino, passo às vezes muito tempo no banheiro, mas também está sendo um processo maravilhoso em que a cada dia me descubro mais forte e mais amada por Deus. Quando veio a separação eu quis resignificar tudo, a minha história, minha vida, mas ainda estou passando por resquícios da situação psicológica, para entender o que aconteceu porque foram 15 anos de casamento e uma doença bem forte que veio para destruir, para me revirar toda. Então, estou me organizando ainda na vid sobre o que fazer, mas sempre tive a certeza de que eu ia conseguir vencer essa doença, e diariamente estou conseguindo.

DIA A DIA: Você tem algum sonho a realizar?

Nina: O de me casar novamente e viver tranquila, ter uma família digna servindo à igreja, ver minha filha formada, casada e conhecer meus netos. O meu grande sonho é de viver o dia a dia, de ser feliz e ter uma vida simples, ajudando o próximo.

DIA A DIA: E agora? O que pretende fazer?

Nina: Tem vários pormenores que a gente vai vivendo, estou vendendo plano de saúde, estudando para começar a vender consórcio porque eu preciso vencer, a única chance que eu tenho na vida é de vencer e tenho que refazer todos os planos porque eu tinha o plano de ser dona de casa, de dar preferência a minha família; a pedido do meu ex marido eu tinha me afastado de tudo para dar o suporte e priorizar minha familia, e agora me vi sem chão, sem eira nem beira então tenho que fazer diferença e vencer, minha única solução de vida agora é vencer. Estou fazendo mudança na minha carreira, hoje eu trabalho como assessora política, aceitei o desafio de ser pré-candidata a vereadora porque quero lutar e ser voz para as pessoas que precisam de ajuda, inclusive das mulheres que vencem essas batalhas do câncer, da vida.

DIA A DIA: Deixe uma mensagem para quem luta contra o câncer.

Nina: O câncer tira tudo da gente, tira a dignidade, o cabelo, a vontade de viver, nossa vergonha, empatia, medos, tira tudo, mas ele também nos dá uma oportunidade de viver uma nova vida, de renascer, e foi isso que aconteceu comigo, graças a Deus, porque quando eu olho para trás e vejo a vida que eu estava levando eu vejo o quão infeliz que eu estava e eu não me permitia sair daquele ciclo vicioso, daquele abuso. Eu passei por um câncer de colorretal, uma situação difícil, mas estou aqui firme e forte então eu vejo o câncer como uma oportunidade de resignificar minha vida, meus valores e meu dia a dia.

 

 

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