Concedo ao conhaque
um gole de solidão
um pensamento ébrio resiste
mastigado pelos dias
faíscas caem do céu
e calor faz do meu corpo
um inóspito hospício
à margem da ponte
venero o Itapemirim
no cadente desejo
de pertencê-lo
ventos do litoral
me movem ao contrário
no rio, um pássaro
me pousa desabitado
encontro um homem pelo caminho
com olhar dócil azulado
– não me enxerga além
encontro outro de pele macia
entregue à tristeza
– não me sente
encontro um homem cuja alma sonora
tocam entre seus dedos
– não me ouve
encontro um que me envolve
mais do que todos
mas não está pronto
tropeço pela memória
que deixo na cidade poética
óh, cidade de pedra
banhada pelas águas
Cachoeiro me espera
estou de passagem
e procuro abrigo