Uma minuciosa investigação do trabalho de inteligência da Polícia Civil levou a descoberta de uma série de crimes e irregularidades envolvendo processos seletivos da área da Educação, em prefeituras da Grande Vitória.
Por meio da Delegacia Especializada de Combate à Corrupção (Deccor), a PC deflagrou a segunda fase da Operação Falsarius, que investiga fraude de candidatos para contratação de servidores.
A farra, que já dura três anos, envolve diplomas falsos e outros documentos similiares aos originais que eram vendidos a candidatos para conseguirem classificação no concurso mesmo não tendo um curso superior.
De acordo com as investigações, alguns candidatos teriam apresentado documentação adulterada/falsificada, após pagarem até R$ 1,5 mil por um diploma falso, com o objetivo de alavancar suas pontuações, acarretando em melhores colocações no certame, retirando as vagas de direito de outros candidatos.
O delegado Douglas Vieira, titular da Delegacia de Combate à Corrupção (Deccor), informou que a investigação começou com diplomas falsos, mas acabou se desdobrando para falsificação de curso superior, carimbos falsos, inserção de dados inverídicos no sistema e atestados médicos.
“Alguns coordenadores de escolas e outros funcionários, ao saberem dos concursos, entravam em contato com candidatos e ofereciam esses documentos falsos para que conseguissem as vagas, mediante ao pagamento”, disse Douglas Vieira.
79 diplomas
Nesta segunda fase da Operação Falsarius, foram cumpridos três mandados de busca e apreensão. Já na 1ª fase , deflagrada em dezembro, foram cumpridos onze mandados de busca e apreensão.
Nas duas fases, a polícia apreendeu 79 diplomas falsos, além carimbos de prefeituras e declarações falsas de que o candidato trabalhava em determinado horário.
Os atestados variavam de R$ 20 ou R$ 30, podendo chegar até a R$ 150. Os diplomas de cursos e declarações, variavam entre R$ 70 a R$ 1,5 mil, de acordo com o delegado.
Segundo o delegado Douglas Vieira, durante as investigações, algumas secretarias municipais procuraram a polícia para denunciar as irregularidades; outras no entanto não denunciaram e estão sendo investigadas. A polícia quer saber se elas não perceberam o problema ou se tiveram alguma vantagem para se calarem.
Terceira fase
A partir de agora inicia-se a terceira fase que visa afastar os servidores públicos envolvidos nas transgressões.
De acordo com o delegado, os envolvidos podem responder por crime de falsidade de documento público ou particular, com pena de até seis anos; inserção de dados inverídicos no sistema para ganhar vantagem ou corrupção ativa que pode dar de 2 a 12 anos de prisão.
O delegado finalizou com um alerta a população para não participar desse tipo de fraude porque a polícia vai continuar investigando.
“Tudo era feito em em larga escala a ponto de uma das investigadas dizer: ‘Todo mundo faz, eu fiz também’. A maioria dos candidatos não chegaram a tomar posse das vagas porque a polícia descobriu antes.”