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Quindim

escritoras-cachoeirenses2-07-01-23
Escritoras Cachoeirenses

Um pequeno sol açucarado. Assim é um dos meus doces prediletos: o quindim. Casquinha de côco levemente tostada na base com aquela cremosidade brilhosa se equilibrando no formato de um bolinho até desmanchar numa bocada só. Doce de infância, da padaria da esquina, da cantina da escola e da casa do vizinho doceiro. Tive a sorte de ter um vizinho doceiro, que deixava a meninada entrar, literalmente, no tacho, para raspar o que sobrava. Claro, tudo frio, óbvio… o doce não era de criança. Fiquem tranquilos (risos).

Me lembro que, por vezes, ele tirava da geladeira esses bolinhos ensolarados amarelinhos, feitos com ovos de galinhas felizes, como se diz hoje em dia. Punha um em cada mãozinha melecada de açúcar derretido. Pronto! Era o final do expediente. Trabalho infantil? Pode ser, mas era bem mais divertido do que o trabalho da vida adulta…

Dias atrás, pesquisando sobremesas portuguesas, me dei conta de que faziam muitos anos desde o último quindim. Imediatamente fui inundada pelo gosto fantasma da memória gustativa e comecei a operação Sol Açucarado! Nome digno de investigação federal. A saga começou, de padaria em padaria. Chegava à paisana, espreitando na vitrine como quem procura apenas seu pãozinho de cada dia, mas lá no fundo os olhos correm sobre os doces, na ânsia de encontrar o tão querido quindim.

— Moça, tem quindim?

— Ahh, sinto muito, não tem!

Ouvi tanto essa resposta, e o motivo era sempre o mesmo: são difíceis de fazer em larga escala, não se faz mais com ovos e sim com uma mistura com gosto de remédio, e ficam encalhados, ocupam muito espaço no forno e na geladeira e por aí vai… Até o pobre quindim sofreu com o capitalismo selvagem das bombas de chocolate…

Inventei então a operação Sol Açucarado – Fase 2: apelei para as mães que eu conheço e que têm os melhores contatos com a “doce máfia” das festas infantis. No bom sentido, é claro… A cada ligação, a mesma decepção: não havia quem fizesse o pobrezinho do quindim. Fiquei pensando como pode um doce tão fofinho cair em desuso assim, praticamente em extinção. Também me lembrei da família do vizinho doceiro e percebi que nunca mais soube deles. Que saudade e que pena!

Achar um quindim virou um ponto de honra para mim. Então, não me restava outra opção a não ser deflagrar a fase 3: me aventurar no mar da doçaria conventual portuguesa e arriscar colocar a mão na massa, ou melhor, nos ovos. O primeiro paradoxo “quindiniano”, vou chamar assim, é fazer um doce que leva uma quantidade absurda de gema de ovos e não ter gosto de ovo! Recorri a minha querida Julia Child, mas não tinha essa receita no livro dela. Pobre Julia! Americanos não conhecem quindim. Receitas da internet, achismos da mamãe, alguns vídeos e lá fui eu fazer o meu quindim.

Em meio a tudo isso, entendi que a gente pode ler todas as receitas no computador, ver inúmeros vídeos com o passo a passo, mas nada disso vai substituir botar a mão na massa, sentir os aromas e as texturas, ficar vigiando o forno, errar e acertar o ponto. Inúmeras receitas são pensadas e testadas durante uma vida inteira – há muita arte na culinária, muito sentimento e sensibilidade. E que maravilhoso é o processo de alguém quando encontra o seu jeito de fazer aquilo! Sair da zona de conforto, arriscar… fazer o quindim tornou-se uma lição de vida.

Que lindo ele caindo da forminha inteiro, ensolarado e açucarado! Não eram os melhores, mas eram meus! Posso dizer que a operação Sol Açucarado foi completada com sucesso e agora posso dizer que sei fazer quindins.

Raquel Poleto Fonseca. Cachoeirense, contadora, integrante do Clube de Leitoras Cachoeirenses
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