É chegado um momento tão esperado, momento de graça e de renovação. Recordo-me, como num piscar de olhos, esta mesma data no ano anterior. Encontrava-me diante dos mesmos conflitos, das mesmas reflexões e dos mesmos sonhos e desejos. Pensando que seria simples realizá-los no ano seguinte. Porém, essa simplicidade não foi real. Tantos planos foram escritos, tantas metas planejadas, mas, no dia a dia, foram sendo arquivadas, pois a rotina nos proporciona viver o instante, quisera eu ter a sabedoria de conseguir realizar todos os meus passos como o planejado.
E por falar em Sabedoria…
De todas as qualidades a sabedoria é a mais bela. Ela é dom, é ciência, ela é consciência. Ela é a essência de nossos atos, na sua presença ou na sua ausência. Pois é a partir dela que agimos, que nos portamos.
Um dia conheci a Sabedoria, antes mesmo dela se encontrar. Sua simplicidade era tão marcante que passei a lhe observar. A Sabedoria era jovem, mal conhecia o mundo como realmente era. Não tinha sonhos nem metas e vivia intensamente seus dias.
Em certo momento de sua existência, a Sabedoria ouviu falar da Plenitude. Ao contrário da Sabedoria, a Plenitude não vivia tudo intensamente. Criava metas, planejava, organizava, pois quando o momento aguardado chegava, intensificava sua vida e abraçava-o completamente.
Então a Sabedoria passou a estudar os atos da Plenitude. E nessa análise, ela compreendeu a necessidade de refletir sobre a sua vida. Que nem sempre agir com intensidade vale a pena, pois podemos confundi-lo com impulsividade. E agir pelo impulso não é atuar com o conhecimento.
A Sabedoria procurou a Razão, pensando que ela poderia lhe ajudar, pensou que a Razão lhe defenderia, nos seus atos tolos cometidos na sua vida intensa. Mas a Razão não ficou do seu lado, pelo contrário lhe ensinou a refletir todas as suas ações. E lhe ensinou que a sabedoria é um dom, é uma obra em contínua construção.
E finalmente a Sabedoria encontra a Plenitude que lhe retrata que um dia já foi como ela, intensa e impulsiva, mas que aprendeu a pensar e, até mesmo, repensar todas as suas ações. Assim, a Sabedoria conclui que necessita viver não intensamente, mas com consciência e justiça, para que um dia possa chegar a plenitude.
E hoje, repito meus atos anteriores, reflito, planejo, crio metas e sonhos, mas pensando que, no próximo ano, quero respeitá-los. Viver a intensidade com moderação, pois a plenitude não é gastar sua felicidade apenas alcançando uma meta, mas sim, viver plenamente por toda a vida.