sex 3/maio/2024 14:59
Pesquisar
Close this search box.
Capa
Geral
Cachoeiro
Política
Oportunidade
Saúde
Educação
Economia
Agro
Segurança
Turismo
Esporte
DiaaDiaTV
Publ. Legal
Mundo Pet
Cultura

LEIA MULHERES: Sete Lições que aprendi com os Idosos, de Néia Marques

olivia-15-08-2023
Olivia Batista de Avelar

Em pouco tempo, seremos órfãos do século 20. Lentamente, os protagonistas desses anos passados estão partindo, deixando-nos como os únicos responsáveis pela condução da vida e costura da história. Ao pensar sobre essa despedida diária e silenciosa, lembro-me de rostos e vozes que povoaram o século passado e têm reaparecido, conjurados às nossas telas pela Inteligência Artificial. Para alguns, um encanto, um reencontro. Para outros, um ultraje, um desrespeito. Um trecho do livro “Sete lições que aprendi com os Idosos”, obra que inaugura o Projeto Leia Mulheres: “O senhor está subindo muito na árvore, no olho da árvore, o senhor tem que contar a história do tronco, no núcleo da árvore, a história está ali. A história tem fundamento, e o fundamento é onde começa, não nos galhos e sim no tronco, no caule.” Se o passado é nosso fundamento, exortamos o porvir, dependurados nos galhos mais altos da árvore da vida – feitos de olhos e folhas, os desejos desmembrados, sem tronco e sem chão, nos contentaremos com imagens fantasmagóricas que somente servem à nossa orfandade infantil?

Ao recriar a casca dos que se foram, mal roçamos a seiva de suas passagens pela terra, nada internalizamos de relevante e substancial. Ao que parece, no futuro, até o passado será oco.

O Projeto Colcha de Retalhos entrevistou sete idosos residentes na Vila Fraternidade, instituição sem fins lucrativos de Presidente Prudente, SP. A cada capítulo, intitulados com nomes bíblicos que substituem as reais identidades dos protagonistas, seguem-se breves lições que podemos extrair de suas vidas e, também, um poema. Enquanto lia e relia os personagens, perguntava-me se algum deles já teria falecido. Se no tempo entre escrita, edição, publicação e leitura, a literatura se convertera na única forma de comunicação possível, na derradeira tecnologia capaz de me permitir conhecer suas vidas – as páginas, como fino trabalho de escuta e costura, transformadas em cápsula do tempo, um receptáculo de quem foram deixado sobre a terra e que se converterá em registro e legado de pessoas comuns, porém extraordinárias.

Retorno à empolgação e atenção que as manobras da Inteligência Artificial têm recebido da sociedade. Tanto debate e perguntas, tantos receios e possibilidades. Para usar expressão de outrora, estamos “jogando a criança fora com a água do banho?” Ansiando romper a barreira que nos aparta dos que não podem ficar, não estaremos perdendo as verdadeiras formas de mantê-los em nós – honrando suas vidas, e não transformando seus rostos em amuletos vazios; ponderando com humildade sobre seus erros e acertos, e não idolatrando as sombras pixalizadas do que eles não foram; ouvindo seus conselhos, ao invés de transformá-los em enfeites e penduricalhos da nossa própria incapacidade de introspecção e ponderação sobre os difíceis e tortuosos caminhos sobre a terra?

Néia Marques. Escritora e Poeta, participou de várias coletâneas com contos e poesias. É formada em Recursos Humanos, pós-graduada em docência de Teologia e pós-graduada em Escrita Criativa. Autora do livro Sete lições que aprendi com os Idosos

Ainda temos os livros. Ainda temos autoras que se movem em direção ao passado para pavimentar o futuro. Ainda há tempo de colhermos as histórias daqueles que são os frutos maduros e efêmeros da existência breve que compartilhamos. A literatura: escritor e leitor em conversa assíncrona e íntima permanecerão, por muito tempo, como a mais profunda ligação humana, como nossa mais primitiva e avançada tecnologia, como forma de criar o mundo e a nós mesmos – as história e seus personagens, tão reais quanto nossa própria carne, tão admiráveis e fantásticos quanto o que é capaz de inventar a imaginação.

Que a técnica nos sirva, antes de nos reduzir a ela. Que tenhamos tempo para conhecer, ouvir e ler aqueles que não estarão conosco no século 21, nas décadas e nas páginas porvir que pertencerão a nós, mas que não precisamos e nem devemos vivê-las e escrevê-las sozinhos.

Sobre o Livro Sete Lições que Aprendi com os Idosos

Se houvesse alguma possibilidade de termos uma bússola para nortear nossas escolhas, qual seria o impacto em nossas vidas? O livro Sete Lições que Aprendi com os Idosos não é uma bússola, mas pode ser considerado um aviso. Através do relato de sete idosos moradores de um abrigo, podemos analisar suas escolhas e o resultado delas ao longo da jornada, porém, como cada ser humano é único, talvez fizéssemos caminhos diferentes, mas sempre é bom analisar os avisos, ou caso queiram, os conselhos dos mais velhos.

Olivia Batista de Avelar. Escritora, professora, articulista de literatura e cinema. Organizadora do Clube de Leitoras de Cachoeiro de Itapemirim

curso-on-line-02-05-2024

Inscrições abertas para 20 mil vagas em cursos profissionalizantes do QualificarES

peritos-auxiliares-02-05-2024

Vinte novos profissionais vão atuar nos serviços de Perícia Criminal do Espírito Santo

gov-eduardo-leite_sala-de-crise-chuva-02-05-2024

Governo do Rio Grande do Sul decreta calamidade pública após temporal que matou 13

padaria-top-obras-29-04-2024

Padaria de Cachoeiro realiza mutirão para contratar 150 funcionários

Guarda_Civil_Municipal

Homem rouba celular de adolescente, foge para a Ilha da Luz, mas é preso pela Guarda

Hospital Jayme Santos Neves

Hospital da Serra anuncia 65 vagas de emprego para diversos cargos

chuva-rio-grande-sul-01-05-2024

Temporais causam 10 mortes e deixam 21 desaparecidos no Rio Grande do Sul

emancipacao-venda-nova-01-05-2024

Venda Nova comemora 36 anos de emancipação. Confira as atrações da festa

Leia mais