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O homem quebrando a montanha

Sobre Homens e Montanhas: O homem que quebrou a montanha

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Marcio do Nascimento Santana
A estrada da montanha em nome do amor. Imagem divulgação.

O que eu fiz está lá para todo mundo ver. Quando Deus está com você, nada pode pará-lo, nem a montanha. Dashrath Manjhi

Prefácio

Essa história, meu caro leitor, é diferente, pois não se trata de mais um montanhista que desafiou uma montanha para alcançar o seu cume e sim de um homem humilde que ousou destruir uma montanha em nome do amor.

A Índia e suas castas

A Índia é um país intrigante, sobretudo por sua divisão social de castas que, a meu ver, nada mais é que um sistema antiquado de segregacionismo, onde vemos um sistema que sempre concedeu muito privilégio às castas consideradas superiores, enquanto foi continuamente omissa em relação à pobreza pelas castas considerada inferiores, que sempre sofreram muita repressão e descaso por parte do governo. Um sistema injusto, agressivo e desumano. Como, por exemplo, os poços de água não eram compartilhados, falta de saneamento básico, dificuldade em ter acesso a hospitais e educação de qualidade… entre outros. E eles só podem se casar dentro de seu próprio círculo social. De grosso modo, quem nasceu pobre, conforme os Brâmanes, deverá permanecer pobre e morrer pobre. Mas um homem em especial considerado por muitos como inferior, revolucionou todo esse sistema com suas ações, como veremos a seguir.

O Homem da Montanha. Imagem divulgação

A Aldeia

Nossa história começa em uma aldeia pauperrima e isolada chamada Gahlour, em Bihar, no interior da Índia. Uma vila tão pobre, mas tão pobre que seus aldeões ganharam a alcunha de comedores de rato e essa aldeia fica aos pés de uma cordilheira que se estende por 61 quilômetros, um obstáculo natural que obrigava os moradores a percorrerem uma única estrada de 65 quilômetros até os serviços essenciais como hospitais, supermercados, policia, escolas… E como essa vila é muito pobre, os aldeões não contavam com serviços de ônibus, posto de saúde e até mesmo carroças, o que forçava qualquer um que precisasse de um atendimento médico a percorrer o longo trajeto a pé. A única forma de chegar rápido era cortando caminho pela montanha, mas escalar suas escarpas era muito perigoso e muitas pessoas perderam suas vidas nessa empreitada.

O Homem da Montanha

E nesse contexto de extrema desigualdade e privações nasce em 1934 um homem chamado Dashrath Manjhi, que logo cedo para sobreviver, trabalhava arduamente na terra e com 16 anos saiu de casa e arrumou um emprego em uma mina de carvão onde trabalhou durante sete longos anos e após esse período ele voltou, conseguindo se estabelecer em sua aldeia onde se casou e teve dois filhos.

Ele, meu caro leitor, parecia feliz, mas tudo mudaria quando sua esposa adoeceu severamente e não houve tempo suficiente para levá-la ao médico, pois o único caminho disponível tornava a jornada por socorro longa, o que resultou em sua morte.

O grande desafio

Manjhi, tomado pela dor da perda e movido pelo grande amor por sua esposa, então decidiu que nenhum outro homem em sua aldeia deveria sofrer a perda de um familiar, simplesmente porque o governo era irresponsável, elitista e omisso, e em 1960, munido de uma marreta, vários formões, cinzeis, cunhas e muita força de vontade decidiu quebrar a montanha e esculpir um caminho no meio dela para diminuir a distância até a cidade e, pasmem, ele enfrentou essa empreitada praticamente sozinho. O novo trajeto reduziria a jornada em apenas 3 quilômetros e teria 110 metros de extensão por 6 metros de largura. Por essa iniciativa ele ficaria conhecido como o Homem da Montanha.

O incansável. Imagem divulgação

O Louco

Ele trabalhava na lavoura de madrugada, pois tinha que sustentar seus dois filhos e na parte da tarde ele rumava sozinho aos pés da montanha que o desafiava e assim começava a quebrá-la lá. Pacientemente com suas árduas marteladas ia quebrando pedacinho por pedacinho daquela que era o maior desafio de sua vida. Os demais moradores de sua vila o chamavam de louco e que ele jamais conseguiria. Porém, ele nunca deixou se abater e todos os dias lá estava ele com suas ferramentas desafiando o gigante impávido de rocha. E as pedras que eram muito duras ele colocava fogo e depois resfriava com água e com o choque térmico concluía a tarefa de abrir mais uma ferida no colosso adormecido.

A Conquista

Após árduos 22 anos ele estava concluindo seu trabalho, e o que no início parecia ser um delírio de um viúvo desolado tomou forma e ganhou proporção. Ele conseguiu o engajamento de sua aldeia e também de alguns membros influentes da sociedade indiana e deixou o governo local envergonhado, algo que o levou a prisão, mas por aclamação popular foi solto. Ele após ver seu trabalho quase concluído andou 970 quilômetros a pé para se encontrar com Indira Gandhi, para tentar levar a sua aldeia um hospital, porém sem sucesso.

No final de sua vida ele recebeu do governo pelo seu grandioso feito, de abrir caminhos e encurtar distância, uma pequena fazenda para passar os restos de seus dias, mas ele doou essa fazenda para a tão sonhada construção de um hospital para o seu povo.

A Morte

Ele faleceu, em 2007, aos 80 anos, em consequência de um câncer e o seu funeral foi de um Chefe de Estado, com direito a honrarias militares e muitos de nós perguntamos qual foi o real motivo deste homem ter assumido essa tarefa tão dura sozinho? A resposta, meu caro leitor, reside no fato de que esse foi o jeito que ele encontrou de lidar com a morte de sua esposa. Ele conseguiu transformar sua dor em motivação para dar alegria aos outros, mesmo enfrentando humilhações, privações e chacotas. E assim como nasceu pobre, ele morreu pobre, contrariando toda cultura que desdenhava de pessoas humildes e com pouco estudo, acreditando que elas eram incapazes de feitos extraordinários.

A estrada é atualmente utilizada por pessoas de mais de 60 aldeias e atualmente ela ganhou o nome de seu criador. E por ter se tornado um símbolo de fé e perseverança, várias estátuas em sua homenagem foram erguidas. Muitos dizem que a estrada foi a forma de Manjhi lidar com a morte da esposa e foi no seu luto que ele encontrou a sua maneira de transformar dor em alegria para o próximo. Este é, com certeza, um ser iluminado, e um verdadeiro senhor das montanhas.

Para frente e para o alto;

Montanha Brasil.

Para saber mais:

 

Marcio do Nascimento Santana. Historiador com formação em Arqueologia, Montanhista e membro do Instituto Histórico e Geográfico de Cachoeiro de Itapemirim
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