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Placa indica a direção da gigantesca montanha. Foto: Divulgação

Sobre Homens e Montanhas: O Pico da Bandeira

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Marcio do Nascimento Santana
O cume do gigante. Imagem divulgação.

Subir as montanhas é obter suas boas novas. A paz da natureza fluirá para você enquanto a luz do sol fluirá nas árvores. Jhon Muir

Prefácio

O Pico da Bandeira dispensa qualquer apresentação, uma vez que ele é uma verdadeira celebridade entre os montanhista, aventureiros, pesquisadores, pilotos, peregrinos…Enfim é um prazer enorme e ao mesmo tempo um desafio escrever sobre essa icônica montanha e sua importância para o Brasil. Um pico emblemático, uma testemunha silenciosa da nossa História que remonta desde o tempo das Capitanias Hereditárias até a atualidade, além de ser o guardião dos segredos do Parque Nacional do Caparaó.

O Pico da Bandeira

Tudo começa em 1859, quando o imperador Dom Pedro II determinou que fosse colocada uma bandeira do Brasil Império no pico mais alto da Serra do Caparaó, feito esse que exigiu uma enorme demanda de recursos tendo em vista que os exploradores imperiais se depararam com um terreno completamente inóspito. E graças a essa ousada empreitada, esse ponto culminante ganhou a alcunha de Pico da Bandeira. Embora o nosso querido regente acreditava que essa montanha fosse a mais alta do nosso país, não havia até então nenhum estudo realmente sério que justificasse essa crença. E enquanto isso no Rio de Janeiro, no mesmo período, um estudo mais técnico consolidava o Pico da Agulhas Negras com 2.821 metros de altitude como o teto do Brasil, medição que anos mais tarde foi revista pelo IBGE, e que estabeleceu o Agulhas com 2.791 metros de altitude.

A  bandeira que batizou a nossa montanha. Imagem divulgação.

O Mito Álvaro da Silveira

Até o ano de 1911, o Pico do Agulhas Negras reinava absoluto como o rei das montanhas brasileiras, até que um professor sério que  trabalhava para o Serviço Geográfico de Minas Gerais, chamado Álvaro da Silveira, resolveu rever as escassas pesquisas de Dom Pedro II, e assim como o imperador, resolveu apostar no gigante do Caparaó, e foi bem sucedido, pois ao conquistar esse pico ele descobriu, através de medições barométricas, que o Pico da Bandeira possuía 2.884 metros de altitude, e com essa descoberta o reinado do Pico da Agulhas Negras terminava.

Alvaro da Silveira e sua equipe em 1911 no cume. Imagem divulgação.

A descoberta de Silveira gerou polêmicas, o que levou uma nova equipe em 1941, lideradas pelo professor Alírio H. de Matos, ao cume do Bandeira para novamente ser medido, e dessa vez a técnica utilizada foi por triangulação e o que se descobriu  foi surpreendente, o gigante do Caparaó era ainda mais alto,  2.890 metros de altitude. Tal estudo caros leitores foi registrado e publicado em 1943, na Revista Brasileira de Geografia. E graças a  esses trabalhos, aliados a militância de  Augusto Ruschi um notório pesquisador capixaba que mais tarde ganharia a alcunha de pai da Ecologia Brasileira, que no dia 24 de maio de 1961 foi criado o Parque Nacional do Caparaó, uma unidade de conservação desenvolvida para proteger o Pico da Bandeira e todo seu riquíssimo eco sistema.

Equipe de Alírio H. de Matos no cume em 1941.Imagem divulgação.

Atualmente

Como observado mesmo com condições precárias e em uma época pré GPS, as medições obedeceram a critérios técnicos consideráveis, pois com o advento da nova tecnologia, através do projeto Pontos Culminantes, do IBGEa altitude oficial do Pico da Bandeira é de 2.892 metros de altitude e seu cume fica localizado no Espirito Santo.

Segundo mais alto do Brasil

Embora tenha sido considerado a montanha mais alta do Brasil por quase cem anos, ele infelizmente foi derrotado pelo Pico da Neblina e pelo Pico 31 de Março, ambos localizados na Serra do Imeri e que fazem divisa com a Venezuela.

O famoso cruzeiro no cume. Imagem divulgação.

Com essas descobertas, o Pico da Bandeira caiu duas posições no ranking nacional e passou a ser considerada a terceira montanha mais alta do Brasil, porém com o avanços das ciências geológicas e obedecendo critérios técnicos adotados inclusive por países europeus (O critério de cume e sub cume foi utilizado pela UIAA para catalogar as montanhas do desafio os Quatro Mil dos Alpes), o Pico 31 de Março está se revelando como um sub cume* do Pico da Neblina, assim como o Pico do Calçado seria um sub cume do Pico da Bandeira. O que faz que o nosso amado colosso suba mais uma posição e se estabeleça como a segunda maior montanha do Brasil.

*Essa polemica sobre cumes e sub cumes o leitor pode conferir no artigo do Pico do Calçado, link a seguir:

Sobre Homem e Montanhas: O Pico do Calçado

Superação e Iluminação

Cadeirante: No ano de 2018 o servidor público Daniel Pinto Pereira realizou o extraordinário feito de levar seu filho cadeirante Isaac Rocha, que sofre com paralisia cerebral, hidrocefalia e epilepsia, ao topo do Pico da Bandeira. Ele heroicamente carregou o seu filho nas costas durante 4 árduas horas de percurso e nesse ano ele tinha apenas 10 anos.

Bebe: Em 2019 um casal, Tamiris e Ozias, alcançou o cume com um bebe de apenas 01 anos de idade.

Cantor Daniel: Em 2015 o cantor Sertanejo Daniel também subiu o Pico da Bandeira com objetivo de ver o nascer do sol e meditar.

Casamento: Em 2017, um casal recém casados encararam 6 horas de trilhas juntamente com o fotografo e equipe para fazer o ensaio fotográfico do casamento no pico da Bandeira. Os pombinhos eram a enfermeira mineira Dariane Flaviano da Silva, e seu marido, o inspetor penitenciário Vinícius Milanesi Oliveira.

Ensaio fotográfico no Pico da Bandeira. Imagem  fotografa Rafaela Emerick.

Caminho da Luz: É uma rota espiritual de peregrinação, considerada o Caminho de Santiago de Compostela brasileiro. Ao todo o peregrino deve percorrer 195 km, com início na cidade de Tombos em Minas Gerais e com seu término no cume do Pico da Bandeira, passando pela cidade de Alto Caparaó.

Os índios Guaranis: Fazem rituais sagrados até hoje,  para o deus da montanha que de acordo com suas crenças, habita no topo do Pico da Bandeira

Caminhada tradicional e mística

O Pico da Bandeira é uma das mais acessíveis, entre as maiores montanhas brasileiras,  e sua caminhada mais tradicional, seria a Subida de Madrugada, onde o montanhista, partindo tanto do lado de Minas quanto do Espirito Santo, chega ao cume para contemplar um dos mais belos espetáculos da natureza aos pés do magnifico cruzeiro que marca o ponto culminante da serra do Caparaó, um momento mágico de contemplação e reflexão: O nascer do sol.

O mar de nuvens do Pico da Bandeira ao nascer do sol. Imagem divulgação

Vegetação e fauna

O Pico da Bandeira em sua parte mais baixa e dominado pela  Mata Atlântica e em sua parte mais alta por campos rupestres. Sua fauna é riquíssima, contando com espécimes de  gambás, cachorro-do-mato, guaxinim, quati e gato-do-mato. E já foi registrado exemplares de onça-parda, jaguatirica e onça pintada.

O Evereste brasileiro. Imagem divulgação.

O Evereste brasileiro

O Pico da Bandeira é considerada a montanha mais fria do Brasil, com temperaturas que podem chegar até mais de 10 graus negativos, com formação de gelo e congelamento da água. O risco de hipotermia e mal da montanha são reais. E vale destacar que a estrada que leva ao Pico da Bandeira pelo lado do ES, é a segunda mais alta do Brasil e a água de suas nascentes são uma das mais puras do mundo.

Dificuldade

Partindo do camping do Tronqueira do lado mineiro é uma caminhada bastante puxada, de nível de dificuldade de médio a difícil e que exigirá em média um dia de jornada. Partindo do camping da Casa Queimada pelo lado do Espírito Santo é igualmente penoso porém a caminhada é mais curta. Seja como for pelos dois acessos exige preparo físico e conhecimento técnico.

Para escalar esse gigante basta agendar no site do Parque Nacional do Caparaó.

Para frente e para o alto;

Montanha Brasil.

Para saber mais:

 

 

Marcio do Nascimento Santana, Historiador com formação em Arqueologia, Montanhista e membro do Instituto Histórico e Geográfico de Cachoeiro de Itapemirim
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