Manuela Gomes de Souza tem 19 anos e mora no Alto Eucalipto, em Cachoeiro. Tem duas irmãs, uma mais velha e uma mais nova.
Será a primeira pessoa da família a realizar o sonho de ter um curso superior. Mas com muitas dificuldades, já que arcar com as mensalidades da faculdade não tem sido fácil.
A estudante conta que sua trajetória sempre foi de muita luta, e que desde pequena sua mãe se esforçou muito para dar sustento e um bom estudo às filhas.
“Ela sempre me incentivou a buscar um futuro melhor. Não sou de família rica, ao contrário, sou de uma família bem humilde e não contamos com quase ninguém. Não tive ajuda de muitas pessoas, infelizmente”, relata.
Segundo Manuela, além da mãe, ela teve apoio de uma tia, que considera uma segunda mãe, e durante algum tempo teve o pai ao seu lado.
“Com 15 anos comecei a faxinar para ter um dinheiro, ajudar em casa e comprar algumas coisas pra mim. Era muito peso para minha mãe”.
A estudante conta que em todos esses momentos seu foco sempre foi terminar os estudos e começar uma faculdade ou universidade para melhorar a qualidade de vida.
Feliz, apesar das dificuldades, conta que fez o Ensino Médio no Polivalente Guandu e agora faz o curso superior de Fisioterapia na Unopar. “Quero dar um futuro melhor para a minha família e retribuir tudo que minha mãe fez por mim, que não foi pouco”, revela.
Existem muitas Manuelas, revela professora aposentada
A professora aposentada Isis Maria de Azevedo Gonçalves, que deu aulas por 54 anos, disse que já teve alunos que fizeram grande esforço para estudar.
“Tive um aluno no curso noturno do Liceu. Esse adolescente saía de bicicleta do BNH às 5h30, trazendo marmita. Deixava a bicicleta no Amarelo, pegava o ônibus para ir trabalhar na Usina Paineiras. Voltava de lá de ônibus, pegava a bicicleta novamente e ia para a aula. Assim ele fez o Ensino Médio”, relata a professora.
Segundo ela, anos mais tarde encontrou o ex-aluno como balconista em uma loja e ele contou que já estava no segundo ano do curso de Direito. “O nosso compromisso como educadores é pensar nestes alunos com muito carinho”, enfatiza.
A professora Isis diz que hoje o que mais pede a Deus para as crianças e adolescentes é inteligência. “Falo sempre que a riqueza do pobre é a inteligência. Com toda a certeza, a educação é a esperança de um mundo melhor”.