Cada pessoa que comete suicídio influencia outras 60. Esse é o alerta do médico psiquiatra Marcello Pirama Baptista, que deu uma palestra nesta terça-feira (11), na Câmara Municipal, sobre a importância do “Setembro Amarelo”, movimento de conscientização para a prevenção do suicídio.
De acordo com o médico, cerca de 800 mil pessoas se matam anualmente no mundo e como cada uma influencia outras 60 evita-se divulgar prontamente os suicídios, pois, na avaliação dele, foi comprovado que isso pode desencadear um crescimento descontrolado dos casos.
Os dados do país são alarmantes. Segundo Marcello, em 2012, ocorreram 30 mil suicídios no Brasil, sendo esta a terceira causa de morte entre os jovens. O Brasil é o oitavo país do mundo em tentativas de suicídio.
“Mais da metade dos suicidas nunca foi ao psiquiatra. Nem sempre o problema é a depressão, no entanto, 98% dos que atentaram contra a própria vida têm algum transtorno psiquiátrico, até porque nossa própria sociedade é doente”, analisa Baptista.
Ter uma religião, emprego e filhos também são fatores que ajudam a afastar pensamentos suicidas, destaca.
“Não acredito em saúde sem saúde mental. É preciso superar a ideia de que o psiquiatra é apenas médico para loucos”.
As mulheres, explicou o médico, tentam se matar mais vezes, mas os homens são mais letais, por isso lideram as estatísticas.
Além dos problemas de saúde mental, há outros aspectos que levam alguém a este ato de desespero, como fatores genéticos, herança familiar e a própria cultura do país. Um exemplo é o Japão, onde o suicídio, conhecido como haraquiri, é visto como saída honrosa.
Pergunta dos vereadores
Diogo Lube: Em breve teremos um CVV em Cachoeiro, que ainda está a procura de um local para se instalar. Gostaria que o senhor falasse sobre o assunto.
Resposta: Não tenho contato com futuro CVV daqui, conheço o de Vitória. Será um serviço de suma importância para a cidade, que aliás tem como vizinha a cidade de Vargem Alta, que lidera os índice de suicídio do estado.
Ely Escarpini: O que leva ao transtorno bipolar?
Resposta: Sabemos hoje que alguns cérebros sofrem de transtornos neuroquímicos. Também existem fatores genéticos, muito importantes nas patologias psiquiátricas.
Renata Fiorio: Temos a Ouvidoria da Mulher na Casa, e temos muitas mulheres em situação de vulnerabilidade e precisando de atendimento psiquiátrico para si mesmas ou para seus filhos. O que a rede pública de saúde da cidade oferece?
Resposta: Temos o Capaac, que oferece atendimento de qualidade no pronto-socorro psiquiátrico, mas com número limitado de leitos e sem atendimento ambulatorial, aquele de acompanhamento ao paciente. Não temos psiquiatra no CRE e nem na rede municipal.
Resta o CAPS AD, destinado aos usuários de álcool e drogas. Hoje, a saúde mental vem sendo negligenciada, mas é a especialidade do momento. Somos o país com maior taxa de ansiedade no mundo e o segundo em casos de depressão, e maior consumidor do mundo de psicotrópicos.
Rodrigo Sandi: Crise financeira e desemprego levam ao suicídio?
Resposta: Sim. Estar empregado é um fator de prevenção ao suicídio
Walace Marvilla: A atitude de “se cortar”, praticamente moda entre os adolescentes agora, é fator de risco para o suicídio?
Resposta: É um comportamento que ainda não está bem estudado. Mas os jovens de hoje têm pouca resiliência, e se cortar os faz esquecer as dores maiores. Não suportam não conseguir tudo o que querem imediatamente. A grande maioria não quer se matar, apenas aliviar seu sofrimento.
Com informações da equipe da Assessoria de Imprensa da Câmara Municipal