A vacina da Coronavac, do Instituto Butantan, será testada em crianças e adolescentes do do Espírito Santo dentro do Projeto Curumim, desenvolvido por pesquisadores do Hospital das Clínicas de Vitória.
Serão imunizadas 1.280 crianças entre três e 17 anos, e até em 25 dias deve ser iniciada a vacinação e a coleta de sangue para acompanhamento laboratorial da resposta dos dois imunizantes que serão utilizados, informa o secretário de Estado da Saúde Nésio Fernandes em entrevista no último dia 14.
Segundo ele o Projeto Curumim envolve a participação de pesquisadores da Fiocruz, com o apoio do Instituto Butantan e é de conhecimento do Ministério da Saúde. Serão comparados os efeitos das vacinas da Pfizer e Coronavac.
“A Secretaria de Estado da Saúde louva a atitude desses cientistas. Temos um novo vanguardismo de nossos pesquisadores capixabas na contribuição para o desenvolvimento de soluções de saúde pública para enfrentar a pandemia”, enfatiza o secretário.
Segundo Nésio tanto o Butantan quanto a Pfizer aportaram vacinas para que o o estudo seja feito. “Entendemos que não é uma fase experimental, mas de duas vacinas que já são aprovadas em diversos países do mundo, seguras, eficazes, que já passaram pela fase 2 e 3 e já veem apresentando resultados muito satisfatórios na redução da morbimortalidade pela Covid-19 em crianças”, pontua.
A coordenadora do estudo, Valéria Valim, esclarece que as crianças vacinadas com a Coronavac serão acompanhadas pelo período de um ano, e que pediatras, infectologistas, pneumologistas, pesquisadores e enfermeiros especializados em vacinas contribuirão durante toda a pesquisa.
“Ao longo desse tempo passarão por testes de imunidade celular e pulmoral durante quatro momentos diferentes”, explica.
Segundo Valéria, a Coronavac é uma plataforma de vírus inativado, é a mais conhecida e a que tem maior segurança. “Isso pode ser importante para adesão de uma parcela da população mais preocupada com segurança”, ressalta.
Ela diz que essa vacina se mostra como promissora e já apresentou resultados na literatura. A conclusão do estudo está prevista para um ano, mas entre quatro a seis meses os primeiros resultados dos desfechos principais já serão conhecidos, assegura Valéria Valim.
O secretário Nésio Fernandes faz um apelo à população que deseja participar como voluntária do projeto que se sinta segura para aderir ao estudo, para que tenhamos crianças e adolescentes participando de uma pesquisa dirigida e eficaz.
“Queremos verificar a eficácia e segurança dessas vacinas. Nós vamos avaliar também a capacidade dos dois imunizantes de produzir anticorpos e células de defesa”, destaca Valéria Valim.
As informações são de que a Anvisa já se reuniu com o Instituto Butantan para discutir a liberação da CoronaVac para crianças de três a 17 anos, e que a liberação está em fase de avaliação pela Agência. A apresentação do relatório final e votação ainda não tem data marcada.
SAIBA MAIS
– Intitulada “Eficácia, Imunogenicidade e Segurança da Vacina Inativada (Coronavac) contra Sars-Cov-2 em Crianças e Adolescentes”, a pesquisa ficou conhecida como Projeto Curumim. De acordo com a responsável pelo estudo, Valéria Valim, ele se faz necessário “para que a Coronavac possa ser incluída como uma opção de vacina para crianças no Programa Nacional de Imunização (PNI) do Ministério da Saúde Brasil”;
– Até o momento, algumas pesquisas já foram finalizadas, incluindo crianças e adolescentes, e estão em andamento outros 17 ensaios clínicos, utilizando nove vacinas diferentes;
– Segundo Carolina Strauss, pediatra pneumologista e aluna de doutorado no projeto Curumim, a Coronavac é uma vacina inativada, ou seja, o vírus inteiro é morto e, então, aplicado como vacina;
– Efeitos colaterais podem ocorrer, porém leves e de curta duração. Os mais comuns são dor, vermelhidão, inchaço ou coceira onde a injeção é aplicada, cansaço ou indisposição geral, calafrios ou febre, dor de cabeça, dor muscular, dor nas juntas, enjoos e dor de barriga, perda de apetite e suores excessivos. Efeitos colaterais sérios são raros;
– Países como o Chile, o Equador e China já vacinaram as crianças com Coronavac. No Brasil, a vacina da Pfizer já está liberada para o uso em crianças de 5 a 17 anos.