ARTIGO: Marcio do Nascimento Santana, Historiador com formação em Arqueologia, montanhista e membro do Instituto Histórico e Geográfico de Cachoeiro de Itapemirim.
Sejam bem-vindos à continuação da saga de Helena de Constantinopla. O assunto, caro leitor, é vastíssimo e, por si só, é inesgotável. Logo, para maior clareza e desenvolvimento do tema, prefiro apresentar o texto de forma compacta e interessante, e sim de forma elucidativa.
Apresento a vocês a Capela da Ascensão, a segunda igreja construída por essa extraordinária mulher de fé, na sua busca incessante pelo divino e pela consolidação do Cristianismo no mundo.
Helena, mãe de Constantino I, viajou para a Terra Santa entre 324 e 328 d.C.. Durante sua peregrinação, ela identificou dois locais no Monte das Oliveiras como associados à vida de Jesus. O lugar da Ascensão (Lucas 12:50-53; Atos 1:9-12) e uma gruta associada ao seu ensinamento da oração do Senhor, ou seja, a gruta onde Jesus teria ensinado os Apóstolos a orarem o Pai Nosso.
Edito de Milão
Antes porém de construir as várias igrejas, três em especial ao qual já falamos de uma no primeiro texto, vale a pena destacar o Edito de Milão, que além de permitir a construção de várias igrejas, dava liberdade de culto aos cristãos. Logo, o Edito foi um documento proclamatório no qual se determina que o Império Romano seria neutro em relação ao credo religioso, acabando oficialmente com toda perseguição sancionada oficialmente, especialmente aos cristãos. Foi assinado em 13 de junho de 313.
A emissão desse documento pelo imperador romano Constantino I em 313 tornou possível aos cristãos adorarem abertamente sem medo de perseguição do governo. No momento das viagens de Helena a Jerusalém , o ponto da veneração foi movido para o local atual (Ascensão/Monte das Oliveiras), saindo da caverna. E foi nesse contexto que presenciamos a construção da Capela da Ascensão.
Capela da Ascensão
A Capela da Ascensão se localiza no cume da colina central do Monte das Oliveiras, a pouco mais de um quilômetro da cidade, em direção a Betfagé e Betânia. Nessa elevação, de uns 800 metros de altitude.
A capela ergue-se no centro de um recinto octogonal, circundado por um muro onde ainda são visíveis algumas bases das colunas do período dos cruzados. A capela é pequena e cercada por mesquitas muçulmanas, que interagem de forma respeitosa e pacífica com os cristãos…
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O pé de Cristo
No interior da pequena Capela está o que parece ser uma pedra com uma pegada humana impressa na rocha. Muitos acreditam tratar-se da pegada de Jesus. Essa rocha é conhecida como a Sagrada Pedra do Pé de Cristo, que Jesus teria deixado após ascender aos céus, e conversado com seus discípulos.
A História até aqui
Por ser considerado um local sagrado para as três religiões – cristãos, judeus e muçulmanos –, Jerusalém é uma espécie de “oásis” de tranquilidade em meio a toda a tensão do restante do país. Lá, apesar de terem “territórios” definidos, judeus e muçulmanos vivem num regime de tolerância mútua.
Cruzados, mulçumanos, judeus… todas essas culturas conferiram a Jerusalém um legado de fé, um lugar zeloso que abriga a Cúpula da Rocha, o Muro das Lamentações e o Santo Sepulcro, onde é possível uma coexistência pacifica. O grande mistério da fé na figura humana e sagrada de Cristo.
Jesus como elo fundamental que interliga o Cristianismo, o Judaísmo e o Islamismo. Cristo, o filho do Deus Vivo. O Rei dos Reis, o Salvador da humanidade e dos cristãos. Cristo, o segundo maior profeta de Alá, o grande anunciador do Deus Vivo Alá, o Deus dos muçulmanos; o Senhor de todas as coisas, detentor do destino do homem. Cristo, o Salvador que virá para nos salvar e redimir de acordo com os judeus.
Hoje, quem visitar Jerusalém, poderá assistir a uma missa cristã dentro da Capela da Ascensão. Essa missa acontece uma vez por ano, com a permissão da religião muçulmana. Pois, com a conquista de Jerusalém por Saladino (ver o filme “A Cruzada”), a administração desse local se tornou muçulmana, porém aberta aos cristãos. Esta capela é um dos lugares mais sagrados de Israel, que pelo seu valor religioso, é de visita obrigatória.
Recebereis a virtude do Espírito Santo que descerá sobre vós e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judeia, na Samaria e até aos confins do mundo (At 1, 8). As últimas palavras pronunciadas por Cristo antes da Ascensão.
E onde entra Helena? Ela foi a grande responsável por esse resgate histórico, pela busca do Divino. Helena, que mais tarde se tornaria Santa Helena, que foi a maior evangelizadora de todos os tempos, construindo igrejas, acolhendo os pobres… um exemplo digno de Cristo. Porém, o próximo texto trata de sua maior obra: a Igreja do Santo Sepulcro, onde finalmente vamos conhecer um pouco mais da Cruz de Cristo.