Nessa segunda parte da entrevista, o prefeito Victor Coelho defende o subsídio ao transporte público para manter a tarifa nos R$ 3,20 atuais. Na opinião dele, o equilíbrio tarifário é o coração do sistema e cuidar desse ponto era emergencial.
Dia a Dia – Com relação ao subsídio, por que o senhor se empenhou tanto em aprová-lo, apesar da pressão contrária?
Primeiro precisamos desmistificar um pouco essa história, pois vejo que a população tem mais receio histórico contra a empresa do que em relação ao sistema de transporte coletivo. A população tem várias demandas como, por exemplo, a qualidade dos serviços e o número de linhas e de horários. Não estou analisando nesse momento a qualidade do serviço. É um passo que daremos mais adiante. Analisamos primeiramente o coração do sistema, que é a tarifa, o equilíbrio tarifário.
Me perguntam também por que demos reajuste em 2017 de R$ 0,20 e não acompanhamos o que pedia a empresa? A tarifa estava em R$ 2,80 e foi para R$ 3,00. A empresa utilizava a tabela Geipot, mas não tínhamos segurança nessa planilha e optamos pelo IPCA. Iniciamos trabalho para buscar melhor cálculo da tarifa.
Com a entrada de um especialista em análise de custos na Agersa, começamos a desenvolver esse trabalho mais a fundo e agora, em setembro, concluímos que o valor ideal seria de R$ 3,35. No início do ano, como não tínhamos esse estudo, mantivemos a mesma coerência e usamos o IPCA – a passagem foi para R$ 3,20 – Se fosse dentro do que a empresa queria, a tarifa subiria para R$ 3,60. Então nossa equipe da Agersa concluiu que havia defasagem de R$ 0,15.
Dia a Dia – E por que o subsídio?
O subsídio é a ferramenta que nós temos. É usada em várias cidades do Brasil e no mundo. O Governo do Estado subsidia a tarifa na Grande Vitória em R$ 400 milhões. Não se consegue manter o transporte coletivo hoje em dia sem o subsídio. É a ferramenta de gestão para manter o equilíbrio tarifário.
Então agradecemos o entendimento dos vereadores que aprovaram o projeto e nos dá essa ferramenta. Se o sistema está desequilibrado, usamos o subsidio e equilibramos. Aumentou o número de passageiros e melhorou, então retiramos o subsídio. É isso que não está sendo entendido pela população. Não estamos dando dinheiro para uma empresa. Tem muita gente fazendo política em cima de um assunto tão complexo, enquanto eu estou tratando disso tecnicamente.
Qualquer sistema de transporte público hoje é deficitário. Empresas estão quebrando. As pessoas falam: abre nova licitação prefeito e deixa entrar outra empresa. Não virá ninguém com essa tarifa, pois não é economicamente viável. Por isso, a tarifa é o coração do sistema. Temos que resolver isso para darmos outros passos. Tirar esse paciente do coma induzido e levá-lo para o quarto. Não vai resolver o problema. Muita coisa precisa ser melhorada também. A mobilidade urbana, corredores exclusivos de ônibus e melhoria nos abrigos que já vamos começar a fazer.
Dia a Dia – Janeiro é a data base do reajuste anual de tarifa. A prefeitura vai permitir aumento da passagem ou irá elevar o subsídio?
Isso ainda está muito prematuro. Ainda não temos os cálculos inflacionários. Deve ser analisado no fechamento do ano. Tem reunião do Conselho Tarifário, quando serão apresentados esses números e se haverá reajuste. Provavelmente tenha. Todo ano tem reajuste anual. Então veremos outras medidas, como aumentar o valor de repasse do subsídio para tentar manter a tarifa no mesmo valor dos R$ 3,20 de hoje.
Estou pleiteando também a possibilidade junto ao governo do estado para ver se pode nos ajudar com algum tipo de recurso. Vou conversar ainda com a Câmara sobre o futuro estacionamento rotativo. Pela legislação atual, a outorga do estacionamento é voltada para saúde. Estou querendo reverter para que seja destinada à mobilidade urbana. Então, vamos buscar outras ferramentas para tentar manter a tarifa equilibrada.