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Vanilla Sky – a semana quando o céu me lembrou um filme

olivia-15-08-2023
Olivia Batista de Avelar

Estamos olhando muito para o céu, nos últimos dias, não é verdade? Eu gosto como, em alguma manhã de céu particularmente bonito ou entardecer pintado com cores perfeitas, sei que, em poucos minutos, poderei encontrar no Instagram dezenas de fotos – de vários ângulos e pontos diferentes da cidade – enquadradas com a melhor intenção e vontade de mostrar aquilo que todos nós já estamos vendo, porém, como humanos que somos, cedemos à fina necessidade de confirmar com likes e comentários aquilo que está bem diante dos nossos olhos: “você também se encantou com esse céu assustadoramente lindo? Você também percebeu que esse tom de lilás nos cantinhos perto das montanhas não é muito comum? Você também parou, por alguns instantes, de fazer o que quer que você estivesse fazendo e, quem sabe, no mesmo instante que eu, estava encarando esse céu, se perguntando de onde vem essas cores e desejando que a luz não mudasse tão rapidamente e que elas não fossem, tão cedo, dissipadas e diluídas?”

Não nos basta o encantamento solitário, o arrebatamento silencioso, a visão fantástica da qual somos expectadores únicos: o que nos provoca precisa da confirmação dos outros – dos iguais, e, muitas vezes, dos muito diferentes de nós.

É quase como se aquela cor de céu – naquele dia e horário – só pudesse ser realmente verdadeira depois de ouvirmos das outras pessoas que elas também viram aquilo que vimos. Não se trata só de presenciar a beleza, mas sim de compartilhar-la. Não basta, nos dias de hoje, que uma foto nos mostre o céu riscado com cores de festa, é preciso provar que não há, naquela imagem, filtro algum. “Sem filtro” escrevemos em nossas legendas. E buscamos os outros olhos que nos endossem e confirmem a majestosa e multicolorida visão coletiva do que é real e, ao mesmo tempo, incrível.

O filme Vanilla Sky (Céu de Baunilha em tradução literal para o português) – 2002, disponível na Netflix – está completando 20 anos de lançamento. A inspiração para o nome do filme veio de um dos quadros do pintor francês Claude Monet, chamado O Sena em Argenteuil – uma pintura a óleo de 1873 que retrata as cores do céu junto à paisagem da região. O pintor fez uma série de telas retratando essa mesma área, no norte da França. Na trama, o personagem interpretado por Tom Cruise – um rico empresário do ramo editorial – herdou de sua mãe esse famoso quadro, a tela que congelou no tempo, por séculos, a bela imagem do céu que, um dia, há mais de 100 anos, impactou os olhos de Monet e que inspirou o artista a imortalizar uma tarde clara e luminosa nos céus franceses.

E não é essa a nossa mesma tentativa – mesmo que não sejamos exímios pintores – ao apontarmos nossos celulares para o céu, capturando e guardando aquela imagem que, muito provavelmente, seria lentamente apagada e esquecida?

Com o desenrolar da história, percebemos que o personagem de Cruise teve sua vida cortada por um trágico acidente e que, por ter tido seu rosto completamente desfigurado, ele começa a ter delírios e alucinações sobre quem ele realmente é. Nas cenas, ele começa a não reconhecer seu distorcido rosto no espelho e, a partir de então, o filme nos leva para dentro das imagens que vão se formando dentro de seus pensamentos e de sua memória. A vida que ele teve e a vida que ele queria ter tido começam a entrar em conflito e, se observarmos atentamente, quase todas as passagens do filme em que assistimos suas falsas memórias, que são as cenas idealizadas de momentos que ele não viveu porque suas escolhas de vida o levaram para outro caminho, mostram, ao fundo, o lindo e perfeito céu de baunilha que dá título ao filme. Que foi pintado por Monet. Que foi, um dia, uma imagem real, mas que, hoje, já se transformou em um céu ilusório e distante, impossível de ser refeito na realidade e alcançável, somente, por meio dos sonhos, dos delírios, da memória e da imaginação. Vanilla Sky é sobre uma vida perfeita, mas que nunca existiu. É sobre vivermos, eternamente, dentro de um sonho lúcido, pintado com as cores ideais de tudo aquilo que poderia ter sido e não foi.

É sobre respondermos às tragédias que nos despedaçam com a sedutora e arrebatadora e sempre fresca e convidativa frase: “e se eu tivesse feito tudo diferente?”

Abra os olhos e assista às cores do céu de baunilha, da perfeição do momento, da impossibilidade da permanência. Abra os olhos e grave bem fundo em suas retinas os tons de azul, rosa, lilás e luz. Compartilhar as fotos apenas nos consola: acreditamos que reproduzir é capturar, é guardar um sentimento. Abra os olhos e veja que tudo é instante e que mesmo que possamos olhar para o céu todos os dias, cada céu é único, frágil e irrepetível. Assim como seus mais sensíveis e fugazes instantes de encantamento, esse céu – o céu de baunilha encantado e perfeito – nunca mais retornará. Abra os olhos, não haverá outro.

Olivia Batista de Avelar. Professora de inglês, pós graduada em filosofia, apaixonada por cinema e escritora
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