2022 começou tenso. Talvez até seja um ano normal, com a mesma quantidade de fatalidades dos outros e, já que estamos mais conectados a cada dia, tomamos mais conhecimento dos fatos. De qualquer forma, serve para estimular o pensamento.
Por diversas vezes, ouvi que estamos na “era do efêmero”. Discordo. Acredito que estamos na “era do superficial”. Talvez, porque mais do que nunca, perdemos a dimensão do quão efêmera é a vida. Agimos como se fossemos viver para sempre. Como se o futuro fosse uma absoluta certeza.
As vítimas de Petrópolis estavam trabalhando, com planos para o final de semana, viagens marcadas, algum encontro combinado. Uns sonhando com um futuro melhor, uma carreira, uma casa para os pais. Alguns teriam dito à esposa que chegariam em casa mais tarde, estavam no trabalho. Então, tudo acabou!
Há quanto tempo você espera para mandar aquela mensagem, fazer aquela ligação, ter aquela conversa? Quantos dias já perdeu esperando um pedido de desculpas, ou se recusando a fazê-lo? Qual foi a última vez que parou para prestar atenção nos seus filhos, ouvir seus avós, abraçar seus pais? Quando disse o último (e sincero) “eu te amo”?
Estamos sempre esperando a oportunidade ideal: SE o projeto der certo; QUANDO eu conseguir a promoção, O DIA que eu aposentar, A HORA que eu juntar o dinheiro. BOBAGENS!
Dedicamos anos a empregos que detestamos, mas não conseguimos dedicar um final de semana aos nossos amores. Ficamos horas dentro de “baladas”, mas não conseguimos ficar alguns minutos lendo um livro. Trabalhamos noite adentro, as vezes para ganhar um dinheiro que nem precisamos, mas não conseguimos sair alguns minutos mais cedo para assistir aquela apresentação de fim de ano dos nossos filhos.
Sobrevivemos o presente na esperança de viver um futuro que pode nem chegar.
O ontem é lembrança, o amanhã é incerteza.