O Plano de Emergência do Espírito Santo, criado para construir ações preventivas sobre o óleo que avança na costa do Nordeste brasileiro, foi ativado no último sábado (4), quando as manchas de óleo chegaram ao município de Caravelas, no Sul da Bahia.
Os municípios do litoral capixaba estão recebendo treinamento para aplicarem as ações estabelecidas do plano e elaborarem planos municipais abordando as principais necessidades de cada cidade. Cidades do Sul do Estado também serão incluídas nesta preparação para lidar com o problema.
Até o momento, nove municípios do litoral capixaba receberam essas orientações. Conceição da Barra, São Mateus, Linhares, Aracruz, Fundão, Serra, Vitória, Cariacica e Vila Velha já estão na primeira fase do plano, que está dividido em três etapas: etapa prévia e de atenção, com visita e nivelamento dos municípios, fase de operações, com equipes de prontidão, e a limpeza das praias e acompanhamento nos próximos seis meses.
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A expectativa é que o município de Conceição da Barra já inicie a segunda fase do plano ainda esta semana, uma vez que a previsão, segundo o oceanógrafo do Instituto Estadual de Meio Ambiente (Iema), Pablo Prata, é que “com o deslocamento que o material está apresentando, ele possivelmente chegue [no litoral capixaba] nesta semana.”
O professor e pesquisador da Ufes, Agnaldo Martins, também confirma a hipótese de que as manchas cheguem ao litoral capixaba em poucos dias. “A gente considera o ritmo de avanço nos últimos dias lá no litoral da Bahia e considera que esse ritmo vai se manter. Não dá pra gente calcular essa velocidade, mas a gente estima que pelo que avançou, que nos próximos dias devem começar a ser notadas essa manchas por aqui.”
Todos os municípios do litoral capixaba, de Norte a Sul do Estado, devem receber a etapa de nivelamento. “A gente tem uma prioridade. Quem está mais perto do litoral baiano é Conceição da Barra, possivelmente o primeiro a ser atingido, e na sequência nos outros municípios estão sendo montadas as equipes com toda a infraestrutura necessária”, destaca Prata.
Além de Conceição da Barra os trabalhos estão bem adiantados em São Mateus e Linhares. Aracruz também apresentou iniciativas locais importantes, destacou o oceanógrafo do Iema.
Os próximos a serem capacitados serão Exército e Marinha, e na sequência inicia-se a capacitação no Litoral Sul, com Guarapari até o município de Presidente Kennedy. “Nós estamos nos antecipando ao problema, nós temos a chance de nos planejar e sermos menos reativos [com a chegada da mancha]”, disse Prata.
Acompanhamento
O último registro da mancha foi feito na praia de Costa Atlântico, cidade de Nova Viçosa, a 55 quilômetros da divisa com o Espírito Santo. O primeiro município afetado com a chegada desses resíduos é o de Conceição da Barra.
Segundo Pablo Prata, desde o registro do óleo em Caravelas, que era o ponto de alerta do plano desenvolvido pelo Estado, o Norte capixaba, principalmente o trecho costeiro de Conceição da Barra, está em constante monitoramento.
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Parte desse monitoramento está sendo feito como apoio de pesquisadores da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), usando a tecnologia de georreferenciamento por meio de imagens captadas por drones.
“Um dos membros da minha equipe foi convidado individualmente, e deu uma espécie de assessoria para as pessoas fazerem um mapeamento e levantamento preventivo a chegada das manchas de óleo”, explica o professor do curso de Oceanografia e pesquisador da Ufes, Agnaldo Martins.
Impactos ambientais
Os impactos com a chegada do óleo ao litoral capixaba ainda não podem ser estudados, mas na avaliação do oceanógrafo e pesquisador da Ufes, Agnaldo Martins, o principal impacto é físico e gira em torno do meio ambiente, uma vez que animais podem ter a respiração afetada ao entrar em contato com óleo e também por este material impedir a circulação de gases, o que afeta a base da cadeia alimentar marinha.
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De toda a forma, segundo o oceanógrafo Pablo Prata, o óleo deve chegar ao Espírito Santo em menor proporção do que se foi visto nos estados nordestinos.
“Esse impacto vai ser menor do que no Nordeste. Pelo que nós estamos vendo nesse deslocamento desse óleo de Ilhéus até o Sul da Bahia, ele está bem fragmentado, em forma de flocos, do tamanho de uma moeda de R$ 1 real, mais ou menos, de fácil remoção.”