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Conto – Sobre(vivência)

secreta-luz-30-04-23
Secreta Luz

Camila acordou com um sobressalto e, ao olhar pela janela, vislumbrou a lua sobre o Itabira e percebeu que ainda era noite. Sua barriga roncava e doía, a última vez que se alimentara com algo sólido tinha sido há quase dois dias.

Sua vida estava de pernas para o ar. Era comum falar que não estava com fome para que seus filhos pudessem comer e terem a vaga impressão que tudo estava bem. Sempre inventava algo. Dizia que já havia comido na rua, entre uma entrega e outra dos desinfetantes que ela mesma produzia e saía vendendo em sua bicicleta vermelha, subindo e descendo os morros de Cachoeiro de Itapemirim.

Camila olhou o relógio e viu que já passava das três da manhã. No armário de cozinha com as prateleiras descascadas restavam apenas um punhado de fubá, um pouco de farinha e meio pacote de biscoito água e sal. Na geladeira, um resto de leite e alguns legumes que seriam jogados fora pelo dono da mercearia do bairro e, por isso, ela os recolheu. Seu coração acelerou, pois o que tinha só daria para mais um dia.

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Camila chorou. Colocou os joelhos no chão implorando a Deus que não deixasse seus filhos desamparados e que não faltasse o leite do peito, mesmo com a ausência de comida na barriga, para que pudesse amamentar sua caçula que recebera o nome de Maria Esperança. Um lembrete de que jamais poderia fraquejar ou desanimar diante das labutas da vida.

Sem perceber, Camila adormeceu e acordou com palmas à sua porta. Ao se levantar, viu que seu filho José Roberto já retirava a corrente que prendia a fechadura improvisada. Ele gritou, anunciando que havia um monte de sacolas com comida na escada de casa. Mais do que depressa, Camila correu e no chão viu a resposta para sua oração da madrugada. Dessa vez, caiu de joelhos para agradecer ao Pai do Céu por não deixar uma mãe aqui na terra ficar sem alimento para dar de comer aos seus filhos amados. Camila sentiu sua alma renovada e, com a certeza do alimento sobre a mesa e uma refeição digna na barriga, conseguiria seguir em frente e correr atrás do pão de cada dia, pois não se tratava só de sobreviver, mas sim sobre vivências ao lado daqueles que amamos.

Mariana Elmira Lopes Bernardo da Silva. Mãe, mulher, artesã e escritora. Alguém que acredita que a união entre as mulheres salva o mundo

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