Pesquisa do Observatório do 3º Setor divulgada em maio do ano passado, com dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), aponta que 26,1% dos que entram na fila para adoção desejam crianças brancas; 58% almejam crianças até 4 anos de idade; 61,5% não aceitam adotar irmãos; e 57,7% só querem crianças sem nenhuma doença. Quando se fala em crianças um pouco mais velhas, apenas 4,52% das pessoas aceitam adotar maiores de 8 anos.
No Dia Nacional da Adoção (25 de maio), quem conta a sua experiência é a professora aposentada Isis Maria de Azevedo Gonçalves, de 81 anos, mãe de três filhos.Ela tem histórico tanto como filha adotada como mãe adotante.
Segundo ela, ainda criança, perdeu a mãe e ela e os seis irmãos foram adotados pelo Reverendo Jader Coelho e sua esposa Azenath, responsáveis pelo colégio Ateneu Cachoeirense, onde estudava quando ficou órfã.
Criada com muito zelo pelo casal, ela e os irmãos tiveram uma experiência que marcou suas vidas. A principal é a do amor abundante com que sempre foram tratados pelos pais adotivos.
Apesar da experiência positiva com a adoção, a professora Isis conta que nunca planejou adotar. Ela se casou e juntamente com o marido já estavam na expectativa de engravidar, mas estava demorando mais do que gostariam.
Mas segundo ela, de repente uma tia chegou na sua casa falando de uma vizinha que tinha morrido de eclâmpsia durante o parto, mas que o bebê, que era o quinto filho, tinha sobrevivido.
Com a morte dessa mulher, o pai das crianças juntou as cinco e foi para a casa dos pais. “Minha tia me disse, penalizada, que o bebê não ia sobreviver porque os avós já eram muito velhos e não tinham condições de cuidar de cinco crianças, entre eles um bebê”, relata.
A professora Isis diz que sem pensar, falou que ia conversar com o marido e combinar de buscarem o menino no sábado. Felizmente, relata, o marido concordou e foram buscar o bebê.
“Graças a Deus tudo valeu muito a pena. E no mês seguinte à chegada do Rodolfo eu engravidei”, conta feliz com a decisão que tomou.
O filho soube que era adotivo por volta dos seis anos e a reação dele, segundo a mãe, foi perguntar o que a mãe dele fazia do céu quando ele era chamado a atenção.
“Eu tive a iluminação de dizer que ela falava obrigada, Ísis, porque você está cuidando do meu filho do mesmo jeito que que eu cuidaria se estivesse aí”. E ainda complementou que quando a mãe do céu falava, apenas ela escutava, destaca.
Rodolfo Caetano Gonçalves, de 52 anos, representante comercial e o filho adotivo, diz que ficou muito triste quando soube que era adotado porque sua mãe biológica tinha morrido.
“Mas com o passar dos anos fiquei feliz pela nova família que Deus me deu. Minha mãe sempre foi zelosa, educada e protetora”, enfatiza.
Rodolfo, que é pai de dois meninos, Rhuan e Guilherme, diz que a principal lição que aprende com a mãe até hoje é amar ao próximo como a ele mesmo.
“Minha mãe tem um coração gigantesco. Muito fiel a Deus. Um exemplo de mulher sábia que sempre edificou sua casa”, elogia.