Três alunas do Instituto Federal do Espírito Santo(Ifes) de Cachoeiro, Dullye Noleto Lima Teixeira, Kamila Almeida Gonçalves, Julia Mattos Costa, de 16 anos, foram selecionadas em primeiro lugar no projeto Power4Girls Empower to Lead!, da Embaixada Americana no Brasil, em parceria com o Instituto Glória, que incentiva o empoderamento de meninas e mulheres no campo da ciência.
O programa é voltado para alunas de instituições da Rede Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de todo o país, que busca de forma criativa solucionar um problema/questão na área de meio ambiente e sustentabilidade e promover o bem-estar social.
As meninas, que estudam o curso Técnico em Mineração, concorreram com estudantes de 661 institutos federais de todo o país e o projeto selecionado propõe a reutilização da lama do beneficiamento de rochas ornamentais (LBRO, que hoje é descartado em local inadequado) para a produção de asfalto.
Tanto as alunas selecionadas quanto os mentores participarão de oficinas técnicas e práticas sobre liderança, empreendedorismo e inovação, assim como terão a oportunidade de interagir com líderes femininas inspiradoras.
As meninas pesquisadoras participarão de cursos e workshops de março até o mês de agosto, e em setembro comparecerão a uma feira presencial sobre inovação na Embaixada dos Estados Unidos em Brasília.
O processo começou no ano passado, e todas as estudantes foram incentivados pelo Ifes a participar da competição. Segundo o professor Leandro Marochio Fernandes.
Ele é professor de Engenharia Mecânica e atual diretor de pesquisa do Campus Cachoeiro, e conta que as alunas foram motivadas e receberam suporte para fazer a leitura mais técnica do edital.
Questionado sobre os frequentes resultados positivos conquistados por estudantes do Ifes em disputas país afora, o diretor de pesquisa tem uma explicação.
“Todos os alunos do Ifes Cachoeiro são motivados, cativantes e dedicados, o que se soma uma equipe igualmente dedicada e competente. Com isso a equação dificilmente dá errada”, pontua.
Leandro diz que alunos e alunas são diamantes a serem lapidados e que foi feito um esforço coletivo para apoiar os que quisessem participar da seleção da Embaixada dos Estados Unidos na leitura e entendimento do edital.
“Triamos a informação para que ela chegasse mais limpa, sem ruídos, aos estudantes, para que fizessem uma leitura mais assertiva. Fizemos um vídeo explicativo com a contribuição de vários professores”, esclareceu.
Leandro elogia o entusiasmo das estudantes selecionadas e diz que a aluna Dullye exerceu uma liderança fundamental nesse processo, conseguindo mobilizar as duas colegas para a construção do projeto.
“Ela fez uma revolução e esse projeto de pesquisa promove o empoderamento dessas meninas num tempo em que as mulheres têm sido muito maltratadas, especialmente na ciência”, enfatiza.
A estudante Dullye ressalta que esse resultado mostra que podem chegar onde quiserem, não importando raça, cor ou gênero.
“Tudo nos é possível. Isso significa também que conseguimos alcançar um lugar em que antigamente as mulheres não poderiam estar apenas por ser mulher, o que mostra que a nossa sociedade está mudando, e mudando pra melhor”, acredita.
Nós temos sonhos
Dullye conta que a ideia do projeto de reutilização da lama do beneficiamento de rochas ornamentais para a produção de asfalto surgiu há mais ou menos uns três anos.
“Eu tinha ido visitar uma marmoraria e me perguntei se aquela lama não poderia ser utilizada pra outra coisa. A ideia inicial era transformar essa lama em água reutilizável”, relata.
Segundo a estudante, apenas alguns anos depois, quando entraram no IFES através da parceria Lions/IFES(uma parceria da Secretaria de Educação (Sedu), em que o aluno faz o ensino médio na escola estadual, e o técnico no Instituto federal, concomitantemente) conseguiram colocar a ideia em prática.
Principalmente a partir da oportunidade proporcionada pelo Programa Power4Girls, conforme destaca a menina que está entrando no campo da pesquisa.
Ela conta que logo após a elaboração do projeto inicial, descobriram que as empresas já transformavam a lama em água reutilizável, e que então precisavam pensar em outra coisa.
“Consultando os nossos pais (que nos ajudaram muito nesse projeto), professores e fazendo pesquisas, chegamos à conclusão de que fazer o asfalto seria algo extremamente útil e sustentável, e não ajudaria somente a nossa região e sim todas as outras que precisam de pavimento”, enfatizou.
Quanto aos sonhos, o maior dele nesse momento é dar o melhor para que consigam aproveitar da melhor maneira possível a oportunidade que receberam com a aprovação do projeto em primeiro lugar na disputa nacional.
“Queremos ganhar a competição, mas nem tudo envolve somente ganhar e sim aprender com as oportunidades que a vida te dá”, frisa.
Quanto ao maior desafio para poder caminhar, para ser mulher na área da ciência, com certeza são as pessoas duvidando do seu potencial e dizendo que lugar de mulher é aprendendo a cuidar do lar e da família.
“Mas o lugar de mulher não é apenas cuidar de um lar e sim onde ela quiser estar, se quiser ser astronauta seja, se quiser ser o que for, apenas se dedique e seja/dê o seu melhor, para que seus sonhos sejam realizados”, enfatiza.
SAIBA MAIS
O que é o Power4Girls
O Programa Power4Girls – Empower to Lead! é uma iniciativa oficial da Embaixada e Consulados dos EUA no Brasil, em parceria com o Instituto Glória, e tem como objetivo fomentar o empoderamento de meninas por meio do desenvolvimento de habilidades em empreendedorismo, inovação e responsabilidade social para o ambiente de trabalho do século XXI.