Um domingo ensolarado de verão, as garças plainam sobre o espelho d’água na foz do Itapemirim. Fazem dos barcos ancorados palco de um balé delicado e silencioso que só os olhos atentos apreciam. O tempo passa devagar nesses lugares.
Aos poucos, os pescadores fazem companhia às garças, suas asas são remos que lentamente ganham rio acima. Maré cheia, paciência, espera pelo peixe. O tempo
passa devagar nesses lugares.
Ali no seu barco, um ritual fora do tempo, fora da curva na qual os carros passam acelerados, bem ao lado.
Remamos freneticamente para alcançar tantas coisas e não percebemos a maré cheia, não percebemos o balé das garças, não temos tempo de deixar o mar da vida fazer sua parte.
Quero estar mais vezes nesses lugares em que a vida passa devagar.
![](https://diaadiaes.com.br/wp-content/uploads/2024/01/Raquel-Poleto-2-490x653.jpg)