Numa semana em que se ouviu muito falar no retinoblastoma, tumor maligno intraocular mais comum da infância, após a divulgação pelo ex-apresentador da Rede Globo, Tiago Leifer, de que sua filha teria sido afetada pela doença, ouvimos o médico oftalmologista Fernando Lemgruber, que nos esclareceu algumas dúvidas sobre esse tipo de câncer.
O oftalmologista informa que o retinoblastoma é originário das células da retina, localizada no fundo do olho, e responsável pela visão, e que é considerado um tipo raro de câncer.
“Ele corresponde de 2 a 4% das neoplasias da infância. Cerca de 90% dos pacientes irão manifestar a doença até os 5 anos de idade”, detalha.
Segundo Fernando Lemgruber os sinais mais comuns da doença são leucocoria (reflexo pupilar branco) e o estrabismo (desvio ocular).
“Portanto, toda leucocoria e estrabismo em crianças de 0 a 5 anos de vida deverão ser investigados até que se descarte o diagnóstico de retinoblastoma”, destaca.
Outro fator importante, segundo o médico, é que o diagnóstico precoce no caso deste tumor é crucial para um tratamento adequado, com maior sobrevida, e maiores chances de preservação ocular e visão funcional.
Ele diz que o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), a Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica (SBOP) e a Sociedade Brasileira de Oncologia Ocular (SBOO) divulgaram notas informativas sobre a doença.
Entre elas, que toda criança ao nascer deve ser submetida ao Teste do Olhinho (Teste do Reflexo Vermelho), que deverá ser feito preferencialmente na maternidade, até 72 horas de vida.
“A partir daí, exames periódicos deverão ser feitos. Recomenda-se ainda que toda criança passe por um exame oftalmológico completo entre 6-12 meses de vida”, enfatiza Lemgruber.
Ele diz que posteriormente, entre três (idealmente) e cinco anos esse mesmo bebê deve ser submetido a uma segunda avaliação oftalmológica.
“Estes exames oftalmológicos completos são fundamentais para detecção precoce de problemas oculares que afetam a saúde ocular da população pediátrica”, esclarece.
Fernando Lemgruber ressalta ainda que o tratamento envolve uma equipe multidisciplinar, composta por oncologista ocular (que é o oftalmologista especialista em câncer nos olhos), oncologista pediátrico, radiologista, patologista, neurointervencionista, anestesista, psicólogo, enfermagem, dentre outros profissionais, altamente capacitados e envolvidos nesse complexo tratamento.
SAIBA MAIS
– Em qualquer suspeita de retinoblastoma, a criança deverá ser prontamente avaliada por um oftalmologista, em caso de confirmação diagnóstica, encaminhado para o serviço de referência mais próximo;
– O tratamento é individualizado e depende de vários fatores: localização e o tamanho do tumor, disseminaç;ão além do olho e possibilidade de preservação da visão;
– Na condução de casos de retinoblastoma existem várias formas de administração de quimioterapia, associadas a tratamentos locais. Ainda pode-se contar com auxílio da radioterapia, incluindo a braquiterapia e tratamentos cirúrgicos para casos avançados ou não responsivos ao tratamento conservador.