O professor universitário, advogado e filósofo Clóvis de Barros Filho, um dos palestrantes mais requisitados do Brasil, anunciou no mês de julho, durante uma entrevista ao vivo, que tem um tumor atrás do olho esquerdo, e que na melhor das hipóteses, ficará 100% cego. Ele já é cego do olho direito.
Clóvis descobriu o problema após ter uma dificuldade ainda maior de enxergar, já que também não tem a visão do olhos esquerdo 100% nítida, tendo comprometimento de mais de 50% na acuidade visual.
Ele ficou cego após um procedimento para corrigir problemas na visão. Na época, foram apontados duas alternativas de tratamento, mas não foi alertado de que a escolha que fez, o tratamento com silicone, tinha a possibilidade de deixá-lo cego. Sequela rara, mas aconteceu com ele.
Diante desse exemplo, é bom esclarecer que é comum anomalias oculares levarem as pessoas ao oftalmologista para corrigir problemas de visão, como foi o caso do professor.
A oftalmologista Liliana Nóbrega destaca que os olhos são capazes de mostrar mais sobre o nosso corpo do que imaginamos.
Ela diz que isso inclui uma série de doenças que se manifestam através deles, como as reumatológicas, as autoimunes e até os tumores, como é o caso do professor Clóvis de Barros.
“Há uma interface da oftalmologia com várias outras como a reumatologia, a neurologia, a cardiologia, a endocrinologia e a infectologia”, enfatiza
Tudo porque, esclarece a oftalmologista, inúmeras enfermidades que afetam o organismo são reveladas pelos olhos, podendo, inclusive, ser o primeiro sintoma da doença.
A médica cita várias patologias reumáticas, por exemplo, como lúpus, artrite reumatoide e síndrome de Sjögren, que também afetam a região ocular demandando tratamento oftalmológico.
Liliana ressalta que essas são enfermidades que devem ser tratadas, assim, em conjunto pelas duas especialidades, a oftalmologia e a reumatologia.
“A artrite reumatoide pode causar uveíte, uma doença inflamatória que acomete a íris, o nervo ótico e a retina, causando embaçamento e ressecamento dos olhos”, explica.
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Ela acrescenta que a síndrome de Sjögren está entre as que registram mais procura em seu consultório. Considerada complexa, além de ressecar os olhos, a síndrome também pode afetar a boca, as articulações, os nervos e os pulmões.
Para tratá-la, os reumatologistas necessitam da avaliação do oftalmologista que identifica se o paciente tem olho seco e observa o estado do fundo de olho e da retina.
“O exame oftalmológico, nesses casos, é importante por conta da medicação a ser usada. Alguns medicamos recomendados no tratamento da artrite reumatóide, como a hidroxicloroquina, podem afetar o fundo do olho, que precisa ser continuamente avaliado pelo oftalmologista”.
Segundo Liliana, há, ainda, tumores que se manifestam também nos olhos. É o caso do tumor de hipófise que, na medida em que aumenta, espreme o nervo óptico, responsável por levar as informações visuais para o cérebro.
“Além desses, há também casos em que um tumor aparece em determinado local, como mamas, pele, pulmão ou outros, e então se espalha para os olhos. Daí a importância do trabalho multidisciplinar”, insiste.
Ela diz o trabalho conjunto é importante para identificar os problemas o mais cedo possível e tentar garantir um diagnóstico e tratamento mais precoces e eficazes.
A orientação é ficar alerta e a qualquer problema identificado na visão, procurar o médico de confiança, que certamente vai fazer os exames corretos e orientar sobre o tratamento adequado.
“Se for o caso, pode, ainda, indicar outro especialista para ajudar na solução do problema”, conclui.