O prefeito Victor Coelho concedeu entrevista ao jornal Dia a Dia para falar sobre temas importantes. Nessa primeira parte, ele defendeu o plano de cargos e salários e afirma que as mudanças trarão melhorias ao servidor.
Lembrou que atualmente 54% dos funcionários tem piso menor do que um salário mínimo e, com isso, apesar do município completar o restante do pagamento, o servidor não consegue ter melhorias ao longo de sua carreira. “Nenhum servidor ganhará menos de um salário e ninguém terá perda”, afirmou.
Dia a Dia – Com relação ao plano de cargos e salários, o senhor acredita que a proposta atende aos anseios do funcionalismo?
Deixe-me fazer um histórico primeiro. Entrei com o compromisso de campanha de fazer um novo plano, pois conversando com algumas classes vi essa necessidade. E na transição, vendo alguns números, com quase 54% do funcionalismo ganhando abaixo do salário mínimo, concluí que isso é injusto, indigno.
Por exemplo, no momento da reposição salarial. Se a pessoa ganha R$ 500 e o salário é complementado pelo salário mínimo obrigatório, pois não se pode ganhar menos, mas o reajuste é concedido sobre o salário base, que são os R$ 500, um aumento de 10% daria R$ 550, mas no bolso o trabalhador não sente nada.
Então, mais da metade do funcionalismo não ganhava um centavo de aumento com os índices inflacionários. E nossa maior preocupação é essa: dar dignidade ao servidor. Então temos que ajustar a tabela. Se todos começassem a ganhar a partir do salário mínimo, então qualquer reajuste terá um ganho a mais.
Dia a Dia – Tem uma meta de entrega do plano?
Sim, pretendemos no primeiro trimestre de 2019 estar tudo definido e apresentá-lo para votação na Câmara.
Nossa expectativa era ter entregue em abril, foi nosso compromisso com os servidores, mas vendo a complexidade do assunto entendi que seria irresponsabilidade não dialogar com os servidores, ver os anseios antes. O último plano foi construído há 25 anos e teve um pequeno reajuste com Valadão em 2007, 2008.
Dia a Dia – Acredita que o plano vai agradar os servidores?
Fizemos reunião com todas as classes, apresentamos, ouvimos algumas coisas, então precisamos fazer alguns ajustes, para ver o impacto na folha de pagamento e voltar para uma nova rodada até chegar a um denominador comum, que não vai agradar a todos, é muito difícil, mas vai fazer Justiça com a maioria.
Por exemplo, colocamos como proposta para os servidores do magistério um salário 30% maior do que proposto no Plano Nacional de Educação. Isso ajusta a vida de quem entra. Hoje o salário é de R$ 2.450 e vai para R$ 3,2 mil. Porém, para quem está na folha a progressão não é muito grande. Então precisamos ajustar para quem está entrando e para quem já está dentro.
Estamos apresentando o plano aos servidores de cada classe, fazendo os ajustes para entregar um plano economicamente viável. Não adianta extrapolar orçamentariamente a folha e não ter como pagar.
Dia a Dia – Qual o acréscimo dessas mudanças na folha de pagamento?
O acréscimo hoje estaria em quase R$ 2 milhões. Só que fizemos nosso dever de casa de reduzir a folha antes, com o plano de aposentadoria incentivada, o plano de demissão voluntária. Investimos mais de R$ 16 milhões nessa redução. Também estamos providenciando terceirizações. Começamos na educação, vamos terceirizar daqui a pouco os vigilantes. Retiramos isso da folha para ter condição de dar salário mais digno aos servidores. Portanto, com essa retirada, a folha ficará praticamente empatada do jeito que está hoje, em torno dos R$ 15 milhões. Se nada fizéssemos, a folha subiria para R$ 17 milhões.
Dia a Dia – Então, o senhor afirma que nenhum funcionário ganhar menos de um salário mínimo?
Nenhum deles. Ninguém ganhará menos e nenhum servidor terá perda. Pode não ter um ganho substancial, estamos tentando resolver isso, mas redução de salário ninguém terá.