Uma mãe, que preferiu não se identificar para preservar a identidade da filha, diz que as adolescentes estão sendo assediadas e abusadas sexualmente em uma clínica em que são internadas para tratamento de depressão após longo processo de bullying sofrido na escola.
Ela conta que foi preciso recorrer a este espaço particular, custeado pelo Estado, após muitas tentativas de suicídio de sua filha. O objetivo era tentar preservar sua vida.
A mulher diz que nesta clínica particular um dos monitores relacionou-se sexualmente com uma menor de idade que estava internada. “Entreguei todas as provas ao Conselho Tutelar” relata.
Além disso a filha contou à mãe que era comum acordar durante a noite com o monitor no quarto, olhando para elas enquanto dormiam. “Ele foi demitido”, esclarece.
A mãe diz ainda que esse mesmo monitor tinha um grupo fechado no Instagram com outras garotas que receberam alta da mesma clínica.
“Esse monitor, através de mensagens, incentivava as meninas a fazerem algo para que fossem internadas de novo”, reforça.
Além disso, enfatiza a mãe, fazia muitas outras coisas incompatíveis com uma pessoa que deveria cuidar e garantir a segurança e integridade das meninas.
Segundo a mulher, ele contava detalhes de intimidades ocorridas dentro da clínica com outras funcionárias. Outro agravante citado pela mãe é que a filha voltou irreconhecível para casa, após receber alta.
“Ela só pensava em beber, fumar, não obedecia a mais ninguém, agia totalmente diferente do que ela era e dos princípios que tinha recebido na família”, lamenta.
A mãe conta que até baforar desodorante a filha aprendeu durante a internação. ”Eu comprava os desodorantes aerossol e no outro dia não tinha mais, até que descobri que ela tinha aprendido baforar e comecei a comprar roll-on”, relata.
Espaços públicos para acolher adolescentes
A mãe diz que a filha só foi encaminhada a essa clínica particular diante de inexistência de espaços públicos para atender crianças e adolescentes com depressão e outros transtornos mentais em Cachoeiro, e até no Estado.
A mulher lamenta que diante da necessidade de internação adolescentes estejam no mesmo espaço de pacientes em tratamento da dependência química.
“É preciso disponibilizar bons espaços públicos para esse tratamento e acolhimento. Mas não apenas para o adolescente, mas para a família porque nesse processo de tratamento da depressão todos adoecem”, enfatiza.
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