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O Regresso

luiz-damasceno-03-12-2023d
Luiz Antonio Damasceno

Voltei. Eu precisava retornar. Só assim me dei conta que estava vivo. Relutei muito: percorri as pedras frias da galeria dos verdadeiros escritores. Caminhei pelas estradas desertas da imaginação, escalei as montanhas da Cultura e do Conhecimento. Desci aos vales para me acercar da Cultura Popular, da sabedoria do povo e do jeito empírico de se viver. Estava consciente de que minha alma e meu espírito precisavam ser fortificados. Então, chegou a hora da catarse.

E ela passa a acontecer. Um misto de maturidade e de inexperiência se faz presente. Fantasia e realidade se confundem. Como disse a saudosa escritora Lygia Fagundes Teles em uma de suas entrevistas: “É preciso fechar o mundo exterior e abrir o interior para que o parto seja bem sucedido e o nascimento de novas ideias aconteça de modo perfeito.” Pois é, isso começa a se instalar em mim. Clarice Lispector, com veemência, falou que “enquanto houvesse perguntas ela ia continuar escrevendo.” O Poeta curitibano Paulo Leminski foi mais além e em um de seus poemas nos últimos versos cita: “Escrevo e pronto/ tem de haver por quê.” Existe uma gama infinita de escritores que nos relatam suas experiências no universo da escrita e da imaginação revelando diferentes motivações no momento da Criação Literária. Sou um instrumento da escrita, estou à disposição da escrita. E assim, desse modo, ela vai solidificando em mim.

Nesse momento, no universo já estabelecido, surge algo prazeroso: a serenidade e a reflexão sobre os anos já vividos, já experenciados. O inverno da vida, a velhice e em forma de clichê, a melhor idade, a terceira idade. Não me lembro como surgiram essas expressões. Só sei que, às vezes, acabam tão batidas e vazias, perdem o sentido e deixam um vácuo.

Mas, deixemos de lado a prolixidade para definições e conceitos sobre a velhice, a pessoa do idoso e consideremos aspectos relevantes que nos levam à busca para se ter uma vida de qualidade e de utilidade, sem ser coisificado, à sociedade a qual se esteja inserido.

É preciso salvar o idoso ou este precisa salvar o moço, o novo, o menos experiente. Alguém já disse que “só um ser humano é capaz de educar outro ser humano.” Aqui o adjetivo humano traz no seu bojo uma ampla conotação, que pode até se tornar contraditória e mesmo irônica. Se considerarmos a sociedade atual, vamos nos deparar com aplicações variadas, de acordo com os contextos, em que ele, o adjetivo humano visitar.

A começar na prática cotidiana, logo ali nas repartições públicas, a questão da prioridade, com senhas ou bilhetes favorecendo as pessoas que se encontram nessa etapa da vida. Alguns mais vaidosos, querendo omitir a idade se esquivam mediante tais benefícios, ausência de sabedoria. Eu quero usufruir de todos a que tenho direito. O grande escritor mexicano Gabriel Garcia Marques nos encoraja com muita propriedade:

“Envelhecer é como escalar uma montanha: enquanto escala, as forças diminuem, mas o olhar é mais livre, a visão mais ampla e mais serena.”

Na simplicidade dos coletivos, vamos encontrar assentos especiais para os idosos e outras situações, mas nem sempre isso é respeitado, nem praticado e isso nos leva de volta ao adjetivo humano, sem questionamentos.

Há, ainda, as vagas nos estacionamentos destinadas aos idosos ou a pessoas com um certo limite. Algumas salas de espetáculos, como cinemas, teatros em que haja apresentação de orquestras sinfônicas e recitais, bem como em alguns museus. Os idosos podem ter a gratuidade para adentrar e prestigiar essas formas de Arte.

Algumas empresas de transporte também favorecem concedendo aos idosos passagens gratuitas. E com isso , os idosos continuam com sua vida ativa em sociedade.

Ao contrário do que muita gente imagina, o idoso só se torna solitário se ele assim o quiser, há muitas formas de se ter uma vida em evidência, quando se chega a essa etapa. Dependendo muito de cada cabeça, da preservação e o cuidado com a saúde, que deveria ter começado enquanto se estava jovem ou ao longo da existência. Embora Émile A. Faguet nos diz que “O segredo de uma boa velhice não é outra coisa senão um pacto honrado com a solidão.” O que ele quis dizer é que a solidão aqui não é se sentir sozinho, sem ninguém, nem abandonado. Mas, sim, ser levado a momentos de reflexão e analisar os momentos gratificantes já vividos, as coisas boas que já realizou e, sim ainda o que pode fazer. É a hora nos encontramos com nós mesmos. E, aí acontece o reencontro do homem consigo próprio.

E as trajetórias da vida continuam sendo percorridas por aqueles a quem Deus tem dado a oportunidade de prosseguir em direção à velhice. O mais importante, nessa etapa da vida, é poder colher os frutos que plantou, contemplar o futuro que planejou e, sem revoltas, sem o lamento das decepções e frustrações, procurar ter uma vida com qualidade, equilibrada e feliz.

E como falou o famoso diretor e cineasta sueco Ingmar Bergman “Os primeiros quarenta anos de vida nos dão o texto; os próximos trinta, o comentário.” E nesses comentários tudo por que se passou, repassa nas memórias construídas em forma de regresso.

 

Luiz Antonio Damasceno. Professor de Língua Portuguesa e Literatura aposentado. Graduado em Letras e pós-graduado, especialização em Práticas e Dinâmicas do Ensino Superior. Cachoeirense, reside atualmente em Curitiba
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