Uma família inteira foi presa durante a segunda fase da ‘Operação Legado Armeria’, realizada pela Delegacia de Polícia Especializada em Armas, Munições e Explosivos (Desarme). Estima-se que os investigados tenham produzido e comercializado aproximadamente 200 armas de fogo e faturado R$ 500 mil.
Os policiais civis cumpriram cinco mandados de prisão preventiva, nesta terça-feira (23), após identificarem um grupo criminoso composto por uma família responsável pela fabricação, negociação e distribuição de armas de fogo caseiras, em uma casa na zona rural de Cariacica, para as principais zonas dominadas pelo crime organizado da Grande Vitória.
Um sexto membro da família foi preso na primeira fase da operação, em dezembro de 2023. Os investigados respondem pelos crimes de porte ilegal de arma de fogo, comércio ilegal de arma de fogo, receptação e associação criminosa.
O delegado-geral da Polícia Civil (PCES), José Darcy Arruda informou que essa foi a segunda fase da operação e encerra o trabalho com a prisão de mais cinco pessoas.
“Toda família trabalhava para abastecer os morros da Grande Vitória. Eles forneciam armas caseiras, consideradas semi indutrial para abastecer mercado criminoso. Tiveram um faturamento anual de R$ 500 mil”, informou o titular da PC, José Darcy Arruda.
O titular da Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos (Desarme), delegado Daniel Belchior, disse que o que chamou atenção dos investigadores foi o modus operandi do grupo criminoso formado por pai, filhos, esposas e cunhado.
“Cada um da familia tinha uma função: fabricação das armas, o sistema de delivery, entregas, pagamento por Pix. Estimamos que pelo menos 200 armas de fogo foram fabricadas e distribuidas em 2023, a demanda era grande de pedidos e cada arma era negociada por um valor que variava entre R$ 2 mil e R$ 2,5 mil. Os clientes encomendavam as armas, com seletor de rajada e diziam o calibre que gostariam de ter”, relatou o delegado Belchior.
Primeira fase
Com as prisões, a Polícia Civil conclui a Operação Legado Armeria, iniciada em dezembro de 2023. Na primeira fase, foi desartiulada uma fábrica clandestina de armas de fogo em pleno funcionamento, localizada em um sítio, na zona rural do município de Cariacica.
De acordo com a Polícia Civil, foram descobertos mais de mil videos hospedados em uma plataforma que ensinava a fazer armas com tutorial que teve mais de 110 milhoes de visualizações de pessoas que compravam no varejo e atacado.
“Isso é coisa muito séria porque há uma governança do estado que trabalha na retirada de armas do mercado clandestino, das mãos de quem não pode ter armas. As vendas eram feitas a varejo e no atacado, eles entregavam de carro, e, às vezes, iam todos juntos para despistarem como uma familia, chegando a esconder arma na bolsa de uma das crianças”, disse o delegado Belchior.
O delegado explicou que as negociações eram feitas pela internet, whatsaap, mas sem anúncios. Eles vendiam tanto diretamente para o cliente como por intermediários que compravam lotes de armas e revendiam para terceiros.
“Fabricavam principalmente submetralhadoras, mas também armas comuns de todos os calibres. A família composta pelo pai, mãe e filhos distribuía as responsabilidades do trabalho de fornecimento de armas para grupos criminosos. Eles tinham um trabalho secular, alguns na atuavam na área de serviços gerais e tinha uma professora também. Por isso foi tão difícil suspeitar e identificá-los, já que trabalhavam fora, em empregos formais, e no quintal de casa trabalhavam para o crime. A maioria não tinha passagem pela polícia, exceto um dos membros que descumpriu o estatuto de desarmamento”, conclui o delegado.