ARTIGO: Marcio do Nascimento Santana, historiador, montanhista e membro do Instituto Histórico e Geográfico de Cachoeiro de Itapemirim.
Salmo 95, versículo 4:
“A altura dos montes pertence a Deus”
A Organização das Nações Unidas (ONU) proclamou em 2002 como Ano Internacional das Montanhas (AIM) com o objetivo de criar consciência ambiental, sobre a importância planetária dos sistemas montanhosos, fomentar o debate e as ações ambientalmente sustentáveis nesse ecossistema. E foi instituído, no ano seguinte, pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 2003, o Dia Internacional das Montanhas, dia 11 de dezembro, que a partir dessa data, celebra-se anualmente a conservação e desenvolvimento das montanhas.
Logo, o pequeno texto a seguir é um convite a uma reflexão sobre esse tema, tão atípico e importante. Caro leitor, leia, reflita e observe as montanhas.
As montanhas estão lá, magníficas e fascinantes, despertando admiração mesmo de longe, azulada pelo fino véu da umidade que a deixa azul, em contraste com o céu.
As montanhas estão lá, em repouso e vigilantes como um gigantesco colosso de pedra, um bólido caprichoso que cuida dos vales e permanece calmo ouvindo o cantarolar das aves e o sussurro dos riachos em seu colo.
As montanhas estão lá. Impassíveis. Soberbas. Rainhas de seus abismos. Soberanas das águas puras que despejam para os vales. Senhoras de uma vegetação que abriga uma fauna de microscópicas a grandes proporções, variáveis regionalmente.
As montanhas estão lá, de prontidão para os aventureiros, e mais que um esporte, o montanhismo e uma arte de contemplação e espiritualidade, uma oportunidade ímpar de se conectar ao divino.
As montanhas estão lá, há uns três milhões de anos, acompanhando o calendário eterno. Toda a cadeia biológica que nela se desenvolve e, principalmente, forte as intempéries, mas pode ser frágil ao uso continuo e inadequado dos homens.
As montanhas estão lá, felizes em saber que existe o Dia Internacional das Montanhas, e sabe que representa um passo importante do processo iniciado na Conferência da Terra, no Rio de Janeiro, a ECO 92, Agenda 21, capítulo 13.
As montanhas estão lá, livres e desprotegidas, abertas e receptivas, num desafio simpático e convidativo para aqueles que têm ouvidos para a quietude dos cumes, olhos para o cenário de grandiosidade, que lhe permitem gozar dos contrastes das formas, cores e a imensidão infinita do horizonte distante.
As montanhas não têm problemas, além dos fenômenos naturais, o que nela ocorre são problemas humanos. Os bichos não jogam lixo, não escrevem nas pedras, nas arvores, não desmatam suas encostas.
Enfim:
Observem as montanhas. E lembrem-se que lá de cima de seus altos cumes, elas também nos observam.
Para frente e para o alto.
Montanha Brasil.
Para saber mais: