O oceano é mais antigo do que as montanhas e está cheio com recordações e sonhos do tempo. H.P Lovecraft
O Uluru
Mais popularmente conhecido como Ayers Rock, possui mais de 318 metros de altura e 9,4 quilômetros de circunferência. E essa rocha gigantesca seria na realidade um monólito de arenito, imponente e impregnado de minerais como feldspato, o que explica a sua famosa coloração vermelha e ferruginosa ao amanhecer e ao por do sol. Em sua base e ao seu redor, essa extraordinária formação possui inúmeras fendas, poços com águas, várias cavernas rochosas e muitas pinturas rupestres que narram a fantástica história desse local. Ele é considerado um dos maiores monólitos do mundo e pesquisadores acreditam que ainda se estende por mais de 700 metros para dentro do solo, como se fosse um iceberg em terra firme.
O nome Uluru provém da língua Pitjantjatjara e não possui tradução para o português. Quando o explorador Willian Gosse chegou à região em 1873, batizou o maciço como Ayers Rock, em homenagem ao secretário-chefe da Austrália do Sul que na época era Sir Henry Ayres. Willian Gosse foi a primeira pessoa não aborígene a conhecer o Uluru no mundo e por sua causa essa formação passou a possuir dois nomes.
A Montanha Sagrada
O Uluru é considerado até hoje uma montanha sagrada pelos Anangu, uma tribo aborígene, que já habita esse local por mais de 10 mil anos. Segundo eles, essa montanha foi formada por entidades ancestrais, e as formações incomuns ao redor dessa rocha são apontadas como representação dos espíritos dos antepassados. Rituais aborígenes são realizados até hoje.
O local se tornou tão místico que xamãs em suas cerimônias mágicas sempre lançam feitiços de proteção ao seu povo e à rocha. Toda vez que um turista se arrisca a levar pra casa um pedaço de rocha desse monte, logo se arrependem e a devolvem pelos correios alegando que a lembrança trouxe azar e infortúnio. O parque nacional australiano, que é responsável pela a gestão da montanha, relata receber vários pacotes por mês, enviado de várias partes do mundo, com uma amostra do Uluru e um pedido de desculpas.
O Caso Chamberlain
Em 17 de Agosto de 1980 uma bebê australiana de nove semanas de vida, chamada Azaria Chantel Loren Chamberlain, desapareceu misteriosamente durante a noite em um acampamento com seus pais aos pés do Ayers Rock. Sua mãe Lindy e seu pai Michael Chamberlain, desesperados, passaram as semanas seguintes fazendo buscas para encontrar a sua filha, porém, sem sucesso. Logo o desaparecimento ganhou as mídias e o casal foi julgado culpado pela opinião publica, que o acusa de assassinato e prática de magia negra. A justiça australiana, no ímpeto de dar uma resposta a sociedade, condenou ambos à prisão por assassinato. A mulher recebeu pena de prisão perpetua e o homem uma pena menor. Mas 32 anos depois, em junho de 2012, para ser mais exato, a defesa conseguiu provar que o bebe teria sido atacada por um dingo (Uma espécie de cão que seria o maior predador terrestre da Austrália), uma vez que caçadores teriam achado vestígios do que sobrou da roupinha da criança próximos à toca desses animais, e assim conseguiram liberdade de Lindy.
Esse caso, meus caros leitores, foi considerado até hoje, o maior erro judicial da Austrália, resultado de uma ampla campanha de sensacionalismo e difamação da grande mídia e fruto de uma perícia mal feita. E devido a tamanha repercussão negativa, pelo fato de pessoas inocentes terem sido presas injustamente, foi produzido um filme chamado Um Grito no Escuro, estrelado por Meryl Streep. Um filme que vale a pena conferir, pois nos leva a refletir sobre o verdadeiro papel da imprensa nos dias de hoje, que muitas vezes se empenham em destruir reputações em nome da audiência. Lindy Chamberlain, agora idosa, recebeu mais de 1 milhão de dólares de indenização do Estado.
A Escalada
O Uluru fica localizado na região central da Austrália, no Parque Nacional de Uluru-KataTjuta, sendo aberto à visitação. A escalada é permitida, porém em maio de 2001, um ancião Anangu faleceu durante o trajeto ate o topo, e por conta desse incidente, por uma questão de luto, o caminho ficou fechado por dez dias. As operadoras de turismo temendo que os líderes tribais proibissem o acesso ao cume em definitivo protestaram e restou à administração do parque ampliar seus esforço para educar os visitantes a respeitarem de forma voluntária as crenças locais e a não escalarem o rochedo. O outro argumento válido usado pelo parque é que até hoje 35 pessoas já morreram tentando escalar o cume da montanha sagrada. Todo ano esse monte é visitado por cerca de 500 mil pessoas, e talvez metade delas ainda vão até o cume.
Para frente e para o alto;
Montanha Brasil.
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