As montanhas sempre fascinaram o homem. Tenho total segurança em afirmar isso, sendo um praticante ativo dessa atividade tão radical e espiritual.
As montanhas são fontes de inspiração de diversas culturas e religiões. Elas por séculos foram palco das grandes transformações da humanidade.
Na Grécia, o Monte Olimpo.
No Japão, o Fuji Yama, o sagrado pico da perfeição.
Em Israel, o Monte das Oliveiras.
Na Africa, o Monte Mulanje, a sagrada montanha do espíritos.
No Peru, Machu Pichu…
Enfim, caro leitor, as montanhas, dos altos de seus cumes, sempre nos observaram e em Cachoeiro não é diferente…
No bairro IBC, próximo à pedreira de uma mineradora, se avista ao longe um maciço de granito, onde uma curiosa forma ganha destaque: a famigerada Chaminé de Santa Teresa, ou Chaminé UNICERJ (em homenagem à União de Caminhantes e Escaladores do Rio de Janeiro, clube de excursionismo carioca que conquistou a pedra).
Porém, essa formação é anexa a uma outra formação rochosa conhecida como Pedra das Andorinhas ou Morro das Andorinhas.
Essa exótica montanha foi conquistada por montanhistas do Rio de Janeiro, em 1988, pelos escaladores Mário Arnaud e Santa Cruz. A via avança pela face sul que corta a pedra da base até o cume.
Com aproximadamente 200 metros de escalada, os cariocas se apaixonaram pelo desafio de vencer as alturas de Cachoeiro de Itapemirim.
E assim, uma vez conquistada, tornaram essa rocha famosa no Brasil. Ela possui dificuldades em termos de escalada semelhantes a do Pico do Itabira, atraindo escaladores de várias partes do Brasil.
O primeiro capixaba a conquistar essa montanha, em 1992, foi o cachoeirense Valdecir Palomba Bento.Um homem de aparência e hábitos simples, porém detentor de grande coragem e habilidades técnicas.
Esse cachoeirense em especial é um querido membro da UNICERJ e um dos veteranos do montanhismo capixaba, e também de Cachoeiro, sendo, portanto, um orgulho para nossa terra.
A montanha
A montanha em sua base é coberta por resquícios da Mata Atlântica, uma belíssima cobertura vegetal, de flora diversificada,arvores frondosas,inclusive madeira de lei, e fauna caracterizada pela presença de pequenos animais como macacos,serpentes, tatus, aves diversas, lagartos e cachorro do mato.
Em sua base também encontramos diversas vias de escaladas que foram ganhando forma em seus diversos blocos espalhados ao longo do relevo.
Entre as vias destacamos a Feijão Maravilha, Locutor do Medo, Colecionador, Terra do Nunca, entre outras. Um verdadeiro “playground” para os mais diversos escaladores.
O mistério
Sim, caro leitor, essa magnífica formação rochosa guarda um mistério. É notório que lendas surgem em formações enigmáticas como essa.
Tomemos a Pedra da Gavea como exemplo, onde muitos relatam luzes misteriosas, e que no olho do rei fenício ou próximo a ele existe um portal para outras realidades.
Em Sao Tomé das Letras existe uma caverna cuja lenda se revela como um portal para Machu Pichu, a sagrada Cidade dos Incas.
Então você deve estar se perguntando: em Cachoeiro existe uma montanha misteriosa assim?
Caro leitor, o homem é movido por lendas. Eu não sou diferente, fui movido a essa montanha, onde estive na base desse santuário e toquei na rocha, e posso afirmar que existe sim algo misteriosamente divino nesse lugar.
Ao fazer uma pequena escalada pude vislumbrar as magníficas imagens que compartilho com vocês agora nesse relato. Um verdadeiro convite à reflexão e à oração.
A Pedra de Santa Teresa é uma formação lindíssima, onde a natureza nos chama à aventura e também à reflexão. O lugar é lindo, com uma belíssima vista panorâmica, alcançando no horizonte a Pedra das Caveiras e o Moitão da Serra da Torre.
Mas claro, amigo leitor, fica a maior dica de todas: a conservação. São monumentos naturais como esse que fazem de Cachoeiro a Meca do montanhismo capixaba. Orgulho natural de nossa amada Capital Secreta.
Os amigos especiais
Fabio
Costelinha
A Galeria
Agradecimentos
Quero agradecer a Deus e ao amigo e irmão Valdecir Palomba Bento, que nos acolheu e permitiu contar um pouco de sua história. E ao Fabio Fiorin Fiorio, igualmente um grande amigo e irmão, pela compania e disposição ao enfrentar mais um desafio. E um agradecimento especial ao Costelinha, um cachorrinho muito valente.
Sobre o autor: Marcio do Nascimento Santana é historiador, montanhista e membro do Instituto Histórico e Geográfico de Cachoeiro de Itapemirim.